© Sergio Moraes/Reuters
O candidato ao Planalto Jair Bolsonaro (PSL) costuma se esquivar de questões a respeito de economia. Sem cerimônia, o deputado admite que não domina o assunto e passa a palavra para o seu assessor econômico Paulo Guedes, a quem apelidou de "Posto Ipiranga", em referência ao comercial de TV.
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Em entrevista à 'GloboNews', nessa quinta-feira (23), Guedes se disse favorável à privatização de “todas” as empresas estatais. Segundo ele, a venda de estatais seria uma estratégia para reduzir o endividamento público.
“Vocês todos elogiam quando a Petrobras vende um ativo para reduzir a dívida, todo mundo bate palma para o Pedro Parente. A União tem que vender ativo. A Petrobras vende refinaria. E o governo pode vender a Petrobras, por que não?”
Quando questionado se as privatizações passariam no Congresso, Guedes se diz otimista. "Eu acho que o Congresso aprova", disse ele. "Se os liberais democratas estiverem no governo, eles vão aprovar um plano de privatização", completou.
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O economista ainda defendeu a venda de imóveis que pertencem à União. Segundo ele, são “700 mil imóveis”, como “o Ministério da Fazenda, que tem no Rio de Janeiro”.
Déficit público
Para Guedes, o rombo nas contas públicas é o resultado da combinação de três fatores: Previdência, gastos com juros e despesas com pessoal.
“É o que eu acho que tem que ser: um ataque frontal às despesas públicas, nos três fronts. Se isso não funcionar, digamos, dessa forma, na base do ‘junta aqui, ajuda aqui e ajuda ali’, aí é desvinculação de gastos. Aí você joga para a classe política o problema para resolver”, defendeu.
Previdência Social
O economista afirma que o modelo atual é uma bomba prestes a explodir e defende uma reforma radical:
“A Previdência brasileira está condenada. Ela está destruída. Antes de o Brasil envelhecer, ela quebrou. E ela tem pelo menos 5 ou 6 bombas-relógio dentro dela. A primeira, que todo mundo está falando, é a bomba demográfica, o tempo. (...) A segunda bomba mistura, bota junto, a assistência social com a Previdência. Então tem o cara que nunca contribuiu para Previdência, mas recebe uma assistência social, recebe um salário mínimo como se tivesse trabalhado a vida inteira. (...) Daí é que vem, lá no programa, o conceito de renda básica ou renda mínima que diz: ‘olha, se você não contribuiu...’ Nós não vamos deixar nenhum brasileiro em necessidade, mas espera aí. O mínimo é para quem trabalhou. (...) Aí tem a terceira bomba-relógio, essa é uma arma de destruição em massa de empregos, é um crime contra a população brasileira. A população economicamente ativa são 96 milhões de brasileiros. Para você ter 40 milhões com carteira assinada, você tem 56 sem carteira. Eles vão envelhecer, eles vão se aposentar e eles não contribuem. Isso é um crime, porque para dar um emprego para um, você deixa o outro desempregado, porque custa 2. Os encargos custam quase 100%. (...) Eu quero fazer a reforma paramétrica. Vamos parametrizar isso, vamos trabalhar isso aí, vamos ver como a gente torna isso mais republicano, faz essa convergência.”
Subsídios para agricultura
Braço-direito de Bolsonaro acredita que não deve haver subsídios para setores específicos:
“Se depender de mim, não pode haver subsídios para setores específicos, a não ser que muito bem fundamentados. Se falou assim: ‘faltou dinheiro no campo’. Não me parece ser o caso. (...) Aparentemente a agricultura é um negócio tão sério que ninguém pode encostar. Para mim, educação é seríssimo, para mim agricultura é seríssimo, para mim indústria é seríssimo, todo mundo é muito sério.”
Educação
Guedes defende que quem pode pagar pela educação, deve pagar. E quem não pode deve ter a possibilidade de escolher onde quer estudar, sem a necessidade de pagar pela mensalidade:
“Quem pode pagar deve pagar. Se está na universidade pública, privada, eu não sei, mas deve pagar. E quem não pode pagar deve ter o ‘voucher educação’ sim. O ‘voucher educação’ para o jovem, ele tem que ter o direito de escolher. Ele pode escolher uma escola pública, entra lá e não é cobrado, ou ele pode escolher uma escola privada. Lá, querem cobrar dele e ele entrega o ‘voucher educação’.”