John McCain, herói de guerra e adversário de Obama, morre aos 81 anos

Senador americano foi vítima de um câncer no cérebro

© reuters / Charles Mostoller

Mundo Notícias do Mundo 26/08/18 POR Folhapress

John McCain, o senador americano que foi prisioneiro e herói na Guerra do Vietnã e enfrentou Barack Obama na eleição presidencial de 2008, morreu aos 81 anos neste sábado (25), vítima de um câncer no cérebro. Ele completaria 82 anos no próximo dia 29.

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McCain recebeu o diagnóstico de glioblastoma (tumor agressivo no cérebro ou coluna) em julho de 2017, e em dezembro deixou de ir ao Senado, onde representou o estado do Arizona durante 30 anos. Na última sexta (24), sua família anunciou que ele interromperia o tratamento e receberia apenas cuidados paliativos em seu rancho perto de Cornville (AZ), onde morreu.

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John Sidney McCain 3º nasceu em 1936 em uma base naval americana no Panamá, onde seu pai servia. Filho e neto de almirantes, algo que mais tarde o levaria à Marinha, o pequeno John e seus irmãos, Sandy e Joe, seriam criados principalmente pela mãe, Roberta, cuja família explorava petróleo.

A infância foi marcada pelas mudanças por causa do trabalho do pai até a família assentar na Virgínia. Em 1958, entrou para a Academia Naval de Annapolis, onde se formou em 1958 sem destaque.

O jovem McCain era descrito como um sujeito cercado de amigos e namorador –em seu livro "Faith of my Fathers" (1999), ele cita um romance breve com uma carioca, supostamente Maria Gracinda de Jesus.

Após completar a formação de piloto naval em Pensacola, casou-se pela primeira vez, com Carol Shepp (mãe de dois filhos que ele adotaria), e teve sua primogênita.

Em 1967, veio a convocação que definiria sua vida, para combater na Guerra do Vietnã. O avião que McCain pilotava perto de Hanói foi abatido, e o militar, que quebrou os braços na queda, capturado. Ele passaria dois meses no hospital e três em uma cela até ser confinado à solitária.

A captura do filho de almirante repercutiu. Ele não aceitou, contudo, que se negociasse sua libertação sem incluir outros prisioneiros de guerra.

Sem acordo, McCain passaria quatro anos e meio sendo torturado rotineiramente, o que deixaria sequelas físicas e marcaria sua visão da guerra.

O fato de ter sido prisioneiro atraiu a atenção da mídia no retornou aos EUA, em 1973. Após a reabilitação, assumiria funções administrativas na Marinha que alimentariam seu interesse por política. Em casa, o casamento ruía.

Já envolvido com o Congresso, McCain deixaria a Marinha em 1981 como capitão. No ano anterior ele se divorciara de Carol para casar com Cindy, cuja família tinha uma bem-sucedida distribuidora de bebidas no Arizona. Os dois teriam quatro filhos, uma delas adotada em Bangladesh.

A carreira no Congresso começou em 1982, com a eleição como deputado do Partido Republicano pelo Arizona. Ele serviria quatro anos até chegar ao Senado, onde substituiu Barry Goldwater, célebre pelo discurso populista e por perder a Casa Branca para Lyndon Johnson em 1964.

Especialista em Defesa e uma voz moderada no partido, McCain logo ganharia a alcunha de "maverick", adjetivo associado a personalidades independentes e ousadas.

A campanha presidencial, porém, o apequenaria, sobretudo após a escolha da ex-governadora do Alasca Sarah Palin como vice, um aceno ao movimento radical populista Tea Party jamais digerido pelo establishment.

McCain não esmoreceu diante da derrota. Aplaudiu o adversário, voltou ao Senado e, desde então, se colocou como a voz crítica mais proeminente dentro de seu partido, sobretudo após a ascensão de Donald Trump.

"Temer o mundo que lideramos por três quartos de século é antipatriótico, um apego a dogmas ultrapassados que os americanos já jogaram no lixo da história", declarou McCain sobre o desprezo de Trump pelo multilateralismo.

A frase, de seu discurso ao receber a Medalha da Liberdade do Congresso, em 2017, aludia ao que chamou de "nacionalismo meia-boca", que "prefere achar bodes expiatórios em vez de soluções."

Próximo de veteranos de todas as alas, manteve longa amizade com Lindsey Graham, Joe Lieberman e Joe Biden, vice de Obama. Quando o senador democrata o visitou, em maio, ouviu do amigo que não desistisse da política. McCain deixa a mulher, Cindy, os filhos Sidney, Meghan, John, James e Bridget.

Deixa também a memória de um tipo de política no qual a convicção não mata o diálogo, e em que discordância respeitosa e conciliação são não só possíveis como efetivos. Com informações da Folhapress. 

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