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Após ser acusado pelo arcebispo italiano Carlo Maria Viganò, um ex-núncio apostólico em Washington, de acobertar abusos sexuais cometidos pelo cardeal Theodore McCarrick, o papa Francisco disse estar "triste" pela denúncia, mas "não pensa em renunciar" ao cargo. A declaração foi divulgada nesta terça-feira (28) à ANSA por fontes próximas ao líder da Igreja Católica.
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No último fim de semana, Viganò revelou uma carta de 11 páginas na qual alega que Francisco acobertou diversas denúncias de abusos sexuais cometidos por McCarrick, além de pedir a renúncia do Pontífice.
"Eu acho que Viganò quer limitar os dias deste Papa, ou pelo menos neutralizar a voz", explicou o arcebispo norte-americano, Joseph Tobin. Além de Tobin, outros vaticanistas também acreditam que o documento tem o objetivo de atingir a reputação de Jorge Mario Bergoglio, alvo de críticas pela ala conservadora da cúria. O arcebispo italiano é conhecido por "exterminador de Papas" dentro do Vaticano e por ter cultivado desavenças foi transferido para os Estados Unidos. "Ele tem feito um serviço para os católicos", disse o advogado Timothy Busch, membro do conselho que dirige o "National Catholic Register", que revelou a carta de Viganò
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Acusação
Viganò diz que Francisco sabia, desde o início do seu Pontificado, que McCarrick era denunciado por abusos sexuais, mas permitiu que o sacerdote continuasse atuando. O prelado de 88 anos foi retirado do colégio cardinalício em julho, após ser acusado de violentar um adolescente há 45 anos, quando era padre em Nova York, e de foçar relações sexuais com seminaristas.
Viganò diz que alertou pessoalmente Francisco, logo após ele tomar posse, sobre a conduta de McCarrick. "O Papa não fez o menor comentário sobre aquelas graves palavras minhas e não mostrou qualquer expressão de surpresa em seu rosto, como se ele já soubesse do caso, mudando imediatamente de assunto", contou Viganò na carta de 11 páginas.
Resposta do Papa
A denúncia contra Francisco vem em um momento em que o Papa pede desculpas públicas pelos casos de pedofilia na Igreja. No fim de semana, Bergoglio esteve na Irlanda, país com um dos maiores escândalos de abusos, e afirmou que os crimes são uma "praga" que desafia a comunidade católica.
O Papa argentino não quis comentar a denúncia de Viganò e limitou-se a dizer que a "carta fala por si só". "Li nesta manhã esse comunicado. Digo sinceramente: leiam vocês atentamente aquele comunicado e façam o julgamento de vocês. Não direi uma palavra sobre isso. Acho que o comunicado fala por si, e vocês têm capacidade jornalística suficiente para tirar conclusões", declarou o Pontífice a jornalistas durante sua viagem de volta entre Dublin e Roma. (ANSA)