Segundo fontes policiais, por volta das 21h (hora local), mais de 20 mil pessoas estavam concentradas na Porta do Sol, no centro de Madri, e nas ruas de acesso ao local, que se tornou famoso como palco dos protestos na capital espanhola.
PUB
"Espanha, amanhã será republicana", era uma das frases mais repetidas na praça onde continuam a chegar pessoas. "Referendo já", lê-se em muitos cartazes.
Um protesto idêntico juntou milhares de pessoas na Praça da Catalunha, no centro de Barcelona, onde, além das bandeiras tricolores (vermelhas, amarelas e roxas) da Segunda República Espanhola, viam-se bandeiras separatistas catalãs e cartazes a favor da independência na Catalunha. “Queremos votar a 9N), lia-se, num grande cartaz em catalão, em referência à consulta sobre a autodeterminação, tema dominava o protesto. Outros cartazes protestavam contra a monarquia: “Felipe, querido, ninguém te elegeu”, dizia um deles, referindo-se ao príncipe de Astúrias, herdeiro do rei Juan Carlos, cuja renúncia foi anunciada hoje.
Saiba MaisRei Juan Carlos anuncia que vai deixar o trono espanhol
Não foi pedida autorização às delegações do governo para os protestos que, por isso, são formalmente considerados ilegais.
Os protestos, marcados para várias localidades espanholas e outras cidades europeias, incluindo o Porto e Lisboa, foram convocados de forma espontânea, pelas redes sociais, após primeiro-ministro, Mariano Rajoy, anunciar a decisão de Juan Carlos.
“Depois da abdicação do rei da Espanha, o seu filho mais velho será declarado o novo rei, por herança. Dada esta anormalidade democrática, as redes sociais responderam convocando protestos em todo o país para pedir um referendo sobre a monarquia”, diz uma das notas distribuídas mas manifestações. “Após 39 anos de falsa democracia, após 39 anos de monarquia, cai o bipartidarismo e cairá a monarquia. Agora chegou o tempo de um processo constitucional e uma democracia real”, acrescenta o texto.
Entre os manifestantes em Madri, destacavam-se líderes de várias forças políticas que apoiam um referendo sobre o futuro modelo de Estado na Espanha, como Cayo Lara, representante da Esquerda Unida. “Fiquei com o cabelo branco à espera da República. Ainda não chegou, mas hoje está mais próxima com a abdicação do rei. Chegou o momento de dar a palavra ao povo”, disse Lara.
O trânsito nos acessos à praça foi fechado por volta das 20h e os manifestantes são observados por agentes das forças de segurança que se instalaram em frente à sede do governo regional de Madri.
Nas redes sociais, circulam duas petições favoráveis a um debate parlamentar sobre o futuro modelo de Estado na Espanha e a realização do referendo sobre a monarquia. Oito horas depois da abdicação do rei, as duas petições somavam mais de 120 mil assinaturas.
Juan Carlos, de 76 anos, que pretende entregar a coroa ao filho, Felipe, de 46 anos, teve um reinado de 39 anos, um dos mais longos da história, e disse que quer dar a vez à nova geração, “que reclama um papel de protagonismo”.