Decisão de Lula de manter candidatura desagrada a aliados de Haddad

Eles avaliam que há risco de dispersão dos eleitores do ex-presidente ao prolongar ainda mais o prazo para a substituição da candidatura petista

© Paulo Pinto / Fotos Públicas

Política Insatisfação 04/09/18 POR Folhapress

A decisão do ex-presidente Lula de esticar a corda e insistir no discurso de sua candidatura até o limite desagradou aos aliados de seu vice e provável substituto, Fernando Haddad.

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A avaliação de auxiliares do ex-prefeito de São Paulo, somados a governadores e deputados do PT, é que há risco de dispersão dos eleitores de Lula ao prolongar ainda mais o prazo para a substituição da candidatura petista.

Nesta segunda-feira (3), após horas de reunião dentro de sua cela em Curitiba, Lula deu aval para seus advogados entrarem com recursos no STF (Supremo Tribunal Federal) para pedir a derrubada da decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que barrou sua candidatura ao Planalto na semana passada.

A sinalização do ex-presidente, portanto, é manter a tática de que vai lutar em todas as instâncias para garantir seu registro de candidato. Nos bastidores, porém, não há otimismo e a maior parte dos petistas não acredita que o Supremo conceda uma liminar para que Lula concorra em outubro.

Segundo aliados de Haddad, a narrativa do ex-presidente tem funcionado até agora, mas o cenário pode mudar após a resolução do TSE.

+ PT vai recorrer à ONU e ao STF por candidatura de Lula

O argumento é que, com o bloqueio institucional no caminho do ex-presidente, seus eleitores entenderam, na prática, que ele não será candidato e podem começar a se desmobilizar, inclusive, migrando o voto para um candidato identificado com bandeiras mais à esquerda, como Ciro Gomes (PDT).

Como mostrou a Folha de S.Paulo no fim de agosto, além de Ciro e Marina Silva (Rede), que aparecem nas pesquisas como herdeiros do espólio lulista, o discurso pró-segurança de Jair Bolsonaro (PSL) tem seduzido eleitores de Lula no Nordeste e preocupado a campanha do PT.

A outra ala do partido, capitaneada pela presidente da sigla, Gleisi Hoffmann (PR), discorda da tese de antecipar a substituição e defende manter o discurso de que Lula é candidato até o limite -nesse caso, dia 11 de setembro, quando acaba o prazo dado pelo TSE para a troca na chapa.

Auxiliares de Haddad -e o próprio ex-prefeito- temem que o tempo seja escasso para fazer seu nome, pouco conhecido nacionalmente, angariar o apoio que hoje está na órbita de Lula -o ex-presidente tem 39% das intenções de voto, segundo o Datafolha.

A partir do dia 11 de setembro, Haddad terá apenas 25 dias para fazer o eleitor de Lula entender que ele será o representante do ex-presidente na urna e que sua imagem estará plenamente fundida à do ex-presidente.

Lula defendia que a mudança fosse feita o mais perto possível do primeiro turno mas, após a decisão do TSE de barrar sua candidatura, quis ouvir aliados que pensam o contrário. Mesmo assim, não foi convencido, e decidiu manter a estratégia.

Dentro do partido ainda há um grupo minoritário que defende ir com Lula até o fim, ou seja, insistir na candidatura do petista e não fazer a troca na chapa, numa espécie de boicote à eleição. O ex-presidente, porém, não concorda. Com informações da Folhapress.

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