Mais da metade dos brasileiros defende paridade de gênero no governo

De acordo com o levantamento, 57% concordam totalmente que a paridade deveria ser obrigatória em todos os níveis do Legislativo

© REUTERS

Política IBOPE 14/09/18 POR Folhapress

Mais da metade dos brasileiros defende a paridade de gênero no Legislativo. É o que mostra uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira (14) pelo Ibope, em parceria com a ONU Mulheres e o Instituto Patrícia Galvão.

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De acordo com o levantamento, 57% concordam totalmente que a paridade deveria ser obrigatória em todos os níveis do Legislativo. Outros 20% concordam em parte.

Os entrevistados responderam à pergunta: Pensando que as mulheres são, hoje, mais da metade da população brasileira, gostaria que você falasse se concorda ou discorda com as seguintes frases: Deveria ser obrigatório que as câmaras de vereadores, assembleias legislativas estaduais e o Congresso Nacional tivessem metade de homens e metade de mulheres.

Com 53 deputadas federais e 13 senadoras, o Brasil ocupa atualmente a 152ª posição no ranking mundial de igualdade no Parlamento.

Para a representante da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman, o estudo desconstrói o argumento de que o brasileiro não se importa com questões de gênero e com a igualdade no Congresso. 

Além do percentual da população que defende a paridade nas esferas do Legislativo, para 54% a presença de mulheres aprimora a política e os espaços de decisão.

Nesse caso, os entrevistados responderam à seguinte questão: Pensando que as mulheres são, hoje, mais da metade da população brasileira, gostaria que você falasse se concorda ou discorda com as seguintes frases: A presença de mulheres na política e em outros espaços de poder e de tomada de decisão resulta numa melhoria da política e desses espaços.

Foram feitas 2.002 entrevistas por amostragem com homens e mulheres de 16 anos ou mais em 141 municípios, entre 16 e 20 de agosto. A margem de erro do estudo é de 2 pontos percentuais.

"Estamos fazendo um esforço para que as mulheres votem em mulheres e homens comprometidos com a igualdade", afirma Nadine. 

Para isso, a ONU Mulheres lança também nesta sexta a plataforma #Brasil5050, em que candidatos poderão se comprometer com os direitos das mulheres e políticas para a igualdade de gênero. A página também servirá como fonte de pesquisa para o eleitorado.

A demanda por políticas que garantam igualdade de gênero tem aparecido no debate presidencial. Marina Silva (Rede) questionou Jair Bolsonaro (PSL) sobre a questão da desigualdade salarial entre homens e mulheres. 

O deputado afirmou que não cabe ao governo interferir na questão, que já está resolvida pela CLT. Marina não aceitou a resposta do parlamentar. "Não é uma questão de que não precisa se preocupar. Tem que se preocupar sim", disse a Bolsonaro.

Guilherme Boulos (PSOL) disse na sabatina promovida por Folha, UOL e SBT que vai criar a "lista suja do machismo", para punir empresas que pagam menos para mulheres. Já Henrique Meirelles (MDB) ao ser sabatinado afirmou que vai ampliar políticas para evitar feminicídios.

Segundo o estudo, os entrevistados consideram extremamente importante que o Executivo Federal incentive o acesso de mulheres e homens às mesmas oportunidades de trabalho e salários (81%) e assegure oportunidades iguais de atuação em partidos políticos e governos para mulheres e homens (72%).

Nadine reforça que o investimento em políticas que gerem igualdade não é apenas uma questão de direitos humanos, mas também econômica. "Há estudos que falam que se as mulheres ganhassem o mesmo, o PIB mundial seria 30 trilhões de dólares maior", afirma.

Sobre o sistema político, ela afirma que existem vários entraves que impedem que as candidaturas de mulheres tenham o mesmo espaço das dos homens. Para mudar esse cenário, é necessário eleger congressistas que apoiem tais mudanças.

"Acreditamos que esse é um momento importante para que os eleitores façam uma escolha por mais mulheres e homens que se eleitos se comprometam em fazer reformas no sistema político para garantir a paridade. O Brasil precisa aprimorar o seu sistema para que mulheres e homens tenham as mesmas oportunidades", afirma.

A legislação atual determina que 30% das candidaturas ao Legislativo sejam de mulheres e que 30% do fundo partidário seja destinado às candidaturas femininas. Com informações da Folhapress.  

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