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Bancos com maior porcentagem de mulheres na chefia ou no conselho são mais resilientes e estáveis: apresentam melhores indicadores de "colchão financeiro" em relação à volatilidade de seus ganhos.
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O mesmo acontece, em menor escala, em países nos quais os órgãos reguladores do setor bancário têm maior proporção de mulheres, mostra estudo recém-publicado pelo Fundo Monetário Internacional.
A análise feita pelo FMI controla os resultados por outras características que poderiam afetar o desempenho dos bancos, como tamanho, tipo de atuação, experiência dos conselheiros e desempenho da economia nos países em que estão sediados, entre outros.
Foram estudados 800 bancos em 72 países, de 2001 a 2013, no caso dos conselhos, e 115 países, de 1999 a 2017, no caso das agências reguladoras.
O trabalho do FMI mostra uma correlação -quanto mais mulheres, mais estabilidade-, e não uma relação de causa e efeito.
O órgão, no entanto, sugere duas hipóteses mais prováveis para os resultados, com base em pesquisas da área. O primeiro é o de que conselhos com diversidade de pontos de vista têm melhor desempenho que os homogêneos.
O segundo é que, por causa do preconceito, os obstáculos para mulheres no setor financeiro são maiores, e as que conseguem superá-los são mais qualificadas e eficientes que seus pares masculinos.
Outra explicação possível é que as instituições com maiores taxas de mulheres em suas estruturas de decisão já eram mais bem gerenciadas -a inclusão seria um dos indicadores desse potencial mais alto.
O FMI observa que faltam dados sobre diversidade na governança financeira, e os disponíveis mostram presença feminina aquém da desejada nas chefias dos bancos: elas são apenas 2% dos CEOs (chefiam 15 dos 800 bancos analisados) e 20% dos conselheiros.
É uma representação que não encontra sustentação na quantidade de mulheres qualificadas disponíveis para as funções: mulheres são 30% das graduadas em economia e 50% das graduadas em negócios, segundo estudo do Credit Suisse citado pelo FMI.
O órgão defende que aumentar a igualdade entre gêneros pode beneficiar os próprios bancos -pesquisas indicam maior rentabilidade naqueles com mais diversidade- e a economia como um todo.
Segundo o estudo do FMI, bancos da América Latina não evoluíram na inclusão de mulheres nas chefias: o continente tem a menor porcentagem feminina nos conselhos, de aproximadamente 2% em 2013, praticamente imutável em relação a 2011.
O trabalho não detalha os resultados por país, mas informações dos bancos brasileiros mostram que o país não é exceção.
Não há nenhuma mulher entre os 12 conselheiros eleitos em abril do ano passado no maior banco do país, o Itaú Unibanco, nem entre os 6 conselheiros do Bradesco eleitos em março de 2017, tampouco entre os 7 membros do conselho do Banco do Brasil, segundo compilação de dezembro de 2017 feita pela EconoInfo.
Já no Santander, havia duas conselheiras entre os 10 eleitos em abril de 2017.
Reportagem da Folha de S.Paulo mostrou em 2017 que a porcentagem feminina vai sendo reduzida conforme se sobe ha hierarquia dos bancos.
São mulheres 2 dos 23 diretores do Itaú, 2 dos 36 diretores do Banco do Brasil e 3 dos 89 diretores relacionados pelo Bradesco.
O estudo do FMI também investigou se a presença de ao menos uma mulher no conselho estaria relacionada a bancos mais estáveis: "Todo o resto constante, bancos com presença feminina no conselho apresentam desempenho melhor e mais segurança e estabilidade", diz o relatório. Com informações da Folhapress.