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O artista francês Jean-Claude Arnault, protagonista de um escândalo sexual que forçou o adiamento do prêmio Nobel de Literatura deste ano, compareceu nesta quarta-feira (19) a um tribunal em Estocolmo para ser julgado por duas acusações de estupro.
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Arnault é acusado de abusar sexualmente da mesma mulher por duas vezes em 2011. Na primeira ocasião, a suposta vítima afirma que ele a obrigou a fazer sexo oral e fazer sexo contra sua vontade.
Já na segunda vez, cerca de dois meses depois, ela foi estuprada pelo artista enquanto dormia. Ao chegar ao tribunal, Arnault, que nega todas as acusações, não fez nenhuma declaração. Seu advogado de defesa, Björn Hurtig, disse que seu cliente estava "absolutamente firme em sua negação de que as supostas ofensas ocorreram".
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A acusadora, que não teve sua identidade revelada, é representada pela magistrada Elisabeth Massi Fritz, especialista em direitos das mulheres. À imprensa local, Hurtig afirmou que as múltiplas alegações contra Arnault é uma "caça às bruxas, cuja única finalidade é prejudicá-lo". "Acredito que a evidência é frágil. As informações fornecidas se desfazem de maneiras fundamentais", explicou.
A audiência ocorre às portas fechadas, como é comum no país em casos envolvendo supostos crimes sexuais. A expectativa é que as alegações finais ocorram em 24 de setembro. Até o momento, nenhuma data foi marcada para o veredicto. No entanto, Arnault pode ser condenado até seis anos de prisão se for considerado culpado. No julgamento, sete testemunhas, incluindo um psiquiatra, prestarão depoimentos. Arnault viveu na Suécia por 50 anos e tem sido uma figura influente no cenário cultural do país há décadas. Ele é casado com a poeta Katarina Frostenson, integrante da Academia Sueca que concede, desde 1901, o prêmio Nobel de Literatura. Em novembro do ano passado, um mês após as acusações contra o produtor norte-americano Harvey Weinstein desencadearem o movimento #MeToo, o jornal "Dagens Nyheter" publicou denúncias detalhadas de 18 mulheres que acusaram Arnault de estupro, assédio sexual, abuso físico e assédio por mais de 20 anos.
Os supostos abusos teriam acontecido na Suécia e na França, inclusive em um apartamento na Rue du Cherche-Midi, em Paris, pertencente à academia. Oito mulheres apresentaram queixas formais, e todas, com exceção de um dos casos, foram descartados por falta de evidência ou porque já havia excedido a data limite. Além desta denúncia, Frostenson foi acusada de revelar a Arnault os nomes de ganhadores do Nobel de Literatura, violando a regra de confidencialidade. Ela também é suspeita de corrupção por ser sócia do clube literário do esposo, que recebia apoio financeiro da Academia. (ANSA)