Em tom psicanalítico, 'Montanha-Russa' encena transtorno bipolar

Com simplicidade e objetividade, as oscilações da vida em família vão sendo apresentadas em torno desse eixo caótico que foi a doença do pai

© Divulgação

Cultura TEATRO 20/09/18 POR Folhapress

"Montanha-Russa" é um espetáculo que fala sobre os altos e baixos de uma vida marcada pela bipolaridade e outros transtornos psiquiátricos. A carga biográfica presente no texto faz da peça uma espécie de elaboração psicanalítica e memorialista da vida do autor, Marcelo Braga.

PUB

+ Após alteração no Fomento de Teatro, artistas ocupam Municipal de SP

É algo que fica ainda mais evidente devido ao caráter narrativo da cena. A estrutura da encenação (assinada por José Eduardo Vendramini) coloca tudo o que acontece sob a perspectiva do filho que cresce com o fantasma da doença do pai.

O público torna-se o silencioso interlocutor desta personagem que é a voz narrativa do autor e dos eventos familiares apresentados. Não vemos exatamente a representação linear de eventos pregressos, mas fragmentos narrados de lembranças remotas.

Com simplicidade e objetividade, as oscilações da vida em família vão sendo apresentadas em torno desse eixo caótico que foi a doença do pai.

Mas o que fica em evidência, na verdade, é processo de elaboração que o autor viveu diante desta penosa especificidade familiar. Entre os arroubos de euforia e os abismos de depressão e agressividade do pai, vemos em cena os tortuosos caminhos do filho para aceitar o quadro e conseguir se desvencilhar do confronto estacionário que não levaria a lugar nenhum. É uma forma sensível de compreender a bipolaridade como doença e não como desvio de caráter.

Em um mundo no qual transtornos dessa ordem se multiplicam, vemos uma cena justa e simples que traça um singelo quadro sobre os impasses de enfrentá-la no dia a dia. Por outro lado, contudo, faz falta algum esforço em ver além da patologia, investigar o objeto para além da própria subjetividade, saltar de si para a sociedade.

A força da análise terapêutica que a peça apresenta carece também de esforço de interpretação social do assunto privado nesta arte pública que é o teatro. O pequeno teatro do Viga Espaço Cênico onde estreou a montagem cria a impressão de que se trata de uma reunião entre familiares e amigos para rememorarem o passado do anfitrião.

Paradoxalmente, contudo, a encenação da peça sublinha no espetáculo a forma narrativa, com interpretações bem objetivas (em especial o trabalho de Juliano Veríssimo), sem afetações líricas da exposição de subjetividades.

De modo que esse caminho estético da montagem demarca o caráter coletivo do trabalho, o ato social de narrar, de contar o passado para outros. É uma espécie de abertura pública dos labirintos privados vividos pelo autor.

MONTANHA-RUSSA

Onde: Viga Espaço Cênico - sala Piscina, r. Capote Valente, 1.323, São PauloQuando: sex. e sáb., às 21h, dom., às 19h. Até 23/9Quanto: R$ 50Classificação: 12 anosAvaliação: regular 

Com informações da Folhapress.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

brasil Rio Grande do Sul Há 19 Horas

Avião cai em Gramado; governador diz que não há sobreviventes

mundo EUA Há 23 Horas

Professora que engravidou de aluno de 12 anos é condenada

fama WILLIAM-BONNER Há 22 Horas

William Bonner quebra o braço e fica de fora do Jornal Nacional no fim do ano

lifestyle Smartphone Há 23 Horas

Problemas de saúde que estão sendo causados pelo uso do celular

fama Pedro Leonardo 22/12/24

Por onde anda Pedro, filho do cantor Leonardo

brasil BR-116 Há 23 Horas

Acidente com ônibus, carreta e carro deixa 38 mortos em Minas Gerais

esporte FUTEBOL-RIVER PLATE Há 23 Horas

Quatro jogadoras do River Plate são presas em flagrante por racismo

fama Vanessa Carvalho Há 23 Horas

Influenciadora se pronuncia após ser acusada de trair marido tetraplégico

fama PRETA-GIL Há 23 Horas

Preta Gil permanece na UTI após cirurgia; estado é estável

brasil ACIDENTE-MG Há 20 Horas

Sobe para 41 o número de mortos em acidente entre ônibus e carreta em MG