© Pixabay
A pena da escritora americana Gillian Flynn estava ainda mais afiada quando ela escreveu o livro "Objetos Cortantes" (R$ 39,90, 256 págs., Intrínseca) do que quando criou o bem recebido "Garota Exemplar" (448 págs., Intrínseca). Se ambos os livros prendem da primeira à última página, o mais recente leva ainda mais ao extremo a literatura de "disfunção familiar" exposta no romance de estreia -que virou um bom filme.
PUB
Desta vez, "Objetos Cortantes" ("Sharp Objects" no original) deu origem a uma série produzida pela HBO e protagonizada por Amy Adams, com base no relato em primeira pessoa de uma mocinha nada ortodoxa.
A jornalista Camila Parker é apresentada ao leitor recém-saída de uma clínica psiquiátrica: possui hábitos autodestrutivos, como cortar o próprio corpo e beber compulsivamente a qualquer hora. De preferência, destilados.Mas esse retrato é leve quando comparado à relação que Camila possui com a família, mais especificamente a mãe, o padrasto (nunca conheceu o pai) e a meia-irmã (uma outra, muito próxima, morreu quando ela ainda era criança).
+ Livro aborda mentiras contadas por presidentes do Brasil em 100 anos
Quando fica sabendo do misterioso assassinato de uma garota na cidade natal de Camila, seu editor a envia para uma espécie de acerto de contas com o passado. Hospedada na casa da mãe, ela passa a acompanhar as investigações, entrando em contato com a sinistra população local -na cidade, o tédio ganha contornos mórbidos.
A narrativa não poupa o leitor de sequências fortes, regadas a violência e uso de drogas, mas a instabilidade psicológica da protagonista é o que mais perturba ao longo da narrativa.
Enquanto a mocinha visita seus lugares mais escuros, é possível até questionar suas reais intenções. Os trechos mais tensos são alternados com diálogos ágeis que apresentam o rumo das investigações do crime -logo, mais um assassinato acontece.
As reviravoltas da trama são impulsionadas pela narrativa fragmentada de Gillian, responsável também pelo sucesso de "Garota Exemplar". Esta garota pode ser tudo, menos exemplar. Mas é fascinante. Com informações da Folhapress.