À margem das expectativas, empresários brasileiros driblam incertezas

No entanto, há uma tentativa de manter a normalidade e pensar os negócios a longo prazo, independentemente de quem vença o pleito

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Economia Cenário 30/09/18 POR Notícias ao Minuto

A expectativa em torno da eleição do presidente da República e de um novo Congresso Nacional influi no humor e nas decisões de investimento dos empresários. No entanto, há uma tentativa de manter a normalidade e pensar os negócios a longo prazo, independentemente de quem vença o pleito.

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A análise feita à Agência Brasil foi apresentada por donos e executivos de empresas que participaram, durante esta semana, de rodadas de negócios no Chile e Argentina.

“Na verdade, a perspectiva para investimento é baixa devido à incerteza do mercado. O país ainda está em forte recessão”, observou João Antônio de Souza Neto, diretor da Citrocal, uma fabricante de doces em calda com sede na pequena cidade de Canápolis, interior de Minas Gerais.

Segundo Souza Neto, a empresa decidiu participar das rodadas, organizadas pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), em busca de ampliação do leque de clientes. A empresa está há 14 anos no mercado é a primeira vez que se volta para a exportação. “A gente tem que buscar a diversificação, buscar outras opções.”

Expectativas

Questionado sobre o que o setor privado espera em termos de políticas para a economia, Edson Bezerra da Silva, gerente de vendas da Citrocal, defendeu ser “preciso que haja uma política”, pois considera que inexiste um planejamento específico para o setor.

“Hoje, não se trabalha a serviço das empresas, do trabalhador. O Congresso hoje está pensando em si”, acredita. Apesar do cenário, ele se diz otimista. “Se a gente for pessimista, para de viver.”

Para o diretor da Citrocal, João Antônio de Souza Neto, independentemente dos nomes eleitos em outubro, as melhoras na economia não virão a curto prazo. “Em menos de dois anos, não melhora.”

Pior momento

Consultora para comércio exterior da Gulosina, empresa que produz paçocas e marshmallow, Raquel Simas, da Fexti Assessoria, disse que o clima de “instabilidade” causado pelas dúvidas geradas nas eleições causam impacto ao setor. Porém, para ela, o pior momento foi a paralisação dos caminhoneiros em maio.

“Mesmo a gente achando que não influencia, fica uma instabilidade. Como temos clientes consolidados, acaba não impactando muito. Mas algumas coisas, [impactam] sim, como a alta do dólar, a greve dos caminhoneiros”, afirmou a empresária.

Em seguida, Raquel Simas acrescentou que: “A greve aconteceu na nossa melhor semana de vendas. Mas isso é muito bem trabalhado dentro da empresa até com coaching. Depois que já passamos por toda essa crise, o que vier é só mais um problema”.

Impostos

Para Ademilson Tápparo, proprietário da Dom Tápparo Engenho, uma empresa produtora de cachaça e outras bebidas alcoólicas situada em Mirassol, pequena cidade do interior de São Paulo na zona de influência de São José do Rio Preto, o sobe e desce do dólar também é um problema. “Eu acho que, com o dólar nesse preço, ninguém faz muito negócio”, analisou.

Questionado sobre o que espera dos ocupantes dos cargos após as eleições, ele disse torce por um governo sem envolvimento em corrupção. “Precisava melhorar a honestidade dos governantes.” “E os impostos. É muito alto, não colabora em nada”, acrescentou Agueda Tápparo, mulher do empresário.

Missão

A missão no Chile teve foco em alimentos e bebidas. As empresas participaram de rodadas de negócios durante a LAC Flavors, uma feira de negócios organizada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Na Argentina, além da indústria alimentícia, participam empresas do ramo de máquinas e equipamentos.

Ao todo, representantes de 62 empresas viajaram, sendo que algumas participaram das duas etapas, e outras, só das rodadas chilenas ou só das negociações na Argentina. A etapa argentina teve o apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

As rodadas de negócios em Buenos Aires ocorreram em meio ao fechamento do segundo acordo entre a Argentina e o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o anúncio de um novo pacote monetário.

No último dia 25, voos saindo e chegando à capital argentina foram cancelados devido a uma paralisação geral contra as políticas do governo do presidente Mauricio Macri.

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