Presidenciáveis divergem em relação à crise na Venezuela

Assunto será uma questão incontornável para o próximo governante brasileiro

© Marco Bello/REUTERS

Política Política externa 30/09/18 POR Folhapress

Os presidenciáveis divergem em relação à melhor maneira para lidar com a crise política e humanitária na Venezuela, que será uma questão incontornável para o próximo governante brasileiro.

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O único candidato que defende sanções contra a ditadura de Nicolás Maduro e, eventualmente, alguma intervenção no país é Jair Bolsonaro (PSL).

"Vocês podem contar comigo, eu farei o que for possível para aquele governo lá ser destituído", disse Bolsonaro a venezuelanos em Roraima, em abril deste ano.

Bolsonaro acredita que as sanções seriam uma forma eficiente de forçar o governo Maduro a negociar.

Mas, apesar de pressões dos EUA, o Brasil se recusa, historicamente, a impor sanções que não sejam decididas em foros multilaterais como o Conselho de Segurança das Nações Unidas.

O PT ainda resiste a criticar o regime Maduro e a afirmar que não há democracia na Venezuela. No ano passado, logo após a criação da Assembleia Constituinte que esvaziou os poderes do legislativo venezuelano, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, se recusou a dizer que a Venezuela era uma ditadura.

"(Precisamos) dar apoio e solidariedade ao governo do PSUV [Partido Socialista Unido da Venezuela], seus aliados e ao presidente Maduro frente à violenta ofensiva da direita", disse Gleisi.

+ Candidatos à Presidência propõem guinada drástica na política externa

Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores no governo Lula e um dos autores do programa de Fernando Haddad (PT), afirma que discutir se trata-se ou não de uma democracia é contraproducente.

"A Venezuela precisa de diálogo, não de pressão e isolamento", diz. "O presidente [Barack] Obama, quando se reaproximou de Cuba, também não ficou discutindo se o país era ou não uma democracia."

Haddad apresenta uma posição mais moderada. "Quando você está em conflito aberto, como está lá, não pode caracterizar como uma democracia", disse Haddad em agosto deste ano, respondendo se a Venezuela e a Nicarágua poderiam ser consideradas democracias. Haddad reluta, no entanto, em criticar o regime de Maduro. "Os governos do PT nunca tomaram partido quando há conflito aberto ou não em países da região. E eu acho essa posição correta do ponto de vista da diplomacia."

O candidato do PDT, Ciro Gomes, afirma que a Venezuela é uma democracia. "Venezuela é uma democracia tão democrática quanto a brasileira e a americana", disse, em entrevista em junho.

Ele afirmou não gostar do regime, nem apoiá-lo, mas disse que o Brasil não pode se intrometer nos assuntos domésticos dos países vizinhos. "Nosso papel é mediar o conflito antes que ele descambe para uma guerra civil."

O candidato tucano, Geraldo Alckmin, acredita que a Venezuela é uma ditadura, mas é contra qualquer tipo de intervenção militar no país, como chegou a ser defendido pelo presidente americano, Donald Trump, e pelo secretário geral da OEA, Luis Almagro.

"Defendemos o restabelecimento dos canais de comunicação com o governo Maduro", disse Rubens Barbosa, formulador de política externa do PSDB.

Para Marina Silva (Rede), o que está acontecendo na Venezuela não é nem legítimo nem democrático. "A eleição (presidencial em maio) foi viciada e antidemocrática; não há democracia em um país onde a oposição está presa ou teve que ir embora", disse, em julho.

Ela alfinetou os governos do PT. "Quando a gente tem princípios, não pode abrir mão deles por alinhamentos ideológicos; os governos Dilma e Lula negligenciaram essa situação."

Ela se opõe, no entanto, a sanções e intervenções no país. Com informações da Folhapress.

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