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Ataques cibernéticos feitos por um país contra outro podem levar a uma guerra real entre as nações, afirmou nesta quarta-feira (3) a ex-secretária de Estado dos EUA Madeleine Albright.
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Para a diplomata, o mundo pode sofrer o que ela chamou de "Pearl Harbor cibernético", em referência ao ataque japonês contra uma base americana que levou os Estados Unidos a entrarem na Segunda Guerra.
O mesmo pode acontecer em decorrência de um ataque virtual, levando o país alvo a declarar guerra contra o agressor, disse ela em palestra sobre segurança cibernética em Washington.
Albright, que comandou a diplomacia americana no segundo mandato de Bill Clinton (1997-2001), afirmou que chegou a debater a questão dentro da Otan (aliança militar ocidental).
"Um ataque cibernético russo contra a Estônia merece uma resposta da Otan pelo artigo 5?", questionou ela, referindo-se à regra que estabelece que um ataque contra um membro da organização deve ser considerado uma agressão a todos os países do tratado.
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Segundo ela, ainda não há uma definição de quando um ataque virtual levaria a uma declaração de guerra, mas que o assunto deve ser debatido.
Ela disse ainda que vê a democracia ameaçada e que isso se reflete na internet.
"Inimigos da democracia tem inundado as redes sociais com fake news e outras tentativas de interferir na eleição", afirmou ela. "Isso não era uma questão quando eu estava no cargo."
Albright disse que a Rússia é a principal líder neste tipo de ação, mas citou também China, Coreia do Norte, Irã, Venezuela e Turquia.
"A tecnologia não substitui a liderança política. As mídias sociais podem ser usadas tanto para atacar um grupo quanto para ajudar a resolver questões globais", afirmou ela, que considera que o debate sobre a questão ainda está começando.
"Estamos tentando consertar um avião no ar", disse ela sobre os debates para enfrentar a guerra cibernética.
A ex-secretária de Estado disse que, apesar de se tornado uma usuária das redes sociais, teme que elas estejam dificultando o debate público ao fazerem as pessoas só terem contatos com assuntos com os quais concordam, o que ameaça a democracia, segundo ela.
"Por isso passei a ouvir rádios de extrema direita quando estou dirigindo em Washington, para ouvir o outro lado", disse ela.
Apesar disso, ela disse ainda ver esperança de a situação melhorar. "Sempre perguntam se eu sou uma otimista ou uma pessimista. Sou uma otimista muito preocupada." Com informações da Folhapress.