Crise argentina afeta produção brasileira de veículos

Segundo Antonio Megale, presidente da Anfavea, a indústria se prepara para um novo ciclo, com queda na produção e redução de envios de veículos ao exterior

© Reuters

Economia indústria 04/10/18 POR Folhapress

A produção brasileira de veículos caiu 23,5% em setembro puxada pela crise argentina que afetou as exportações ao país, informou nesta quinta-feira (4) a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

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Segundo Antonio Megale, presidente da Anfavea, a indústria se prepara para um novo ciclo, com queda na produção e redução de envios de veículos ao exterior. Com isso, a Anfavea prevê redução de 8,6% nas exportações neste ano.

As exportações para a Argentina representavam cerca de 75% do total no setor automotivo. Em setembro, essa participação caiu para 50%. As vendas de veículos no mercado interno argentino caíram cerca de 35% na comparação entre os meses de setembro de 2018 e de 2017.

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"Esperamos que as medidas que o governo de lá está tomando permitam à Argentina equacionar as suas dificuldades. Isso é muito importante para nós no Brasil", disse Megale.

Por conta da crise no país vizinho, as montadoras buscam alternativas, disse o executivo, que também disse acreditar que a conclusão dos ajustes no acordo comercial entre Estados Unidos, México e Canadá tende a melhorar o envio de carros para o mercado mexicano.

A alta do dólar também não trouxe benefícios às exportações, ainda segundo Megale. "A pior coisa no dólar é a volatilidade. Trouxe alguma preocupação na importação de peças e não teve um grande impacto positivo nas exportações."

Sobre as vendas deste ano, a expetativa da associação é que as eleições não impacte esse número. "Qualquer que seja o candidato que ganhe a eleição, nós vamos vender 2,5 milhões de veículos neste ano. Essa é a nossa projeção".

Para compensar as perdas com exportações, o mercado interno precisa manter a tendência de alta. Hoje, as empresas praticamente zeraram as políticas de proteção ao emprego, com os funcionários retornando às linhas de montagem. Boa parte desse movimento de retomada se deve aos bons números do setor de exportações em 2017 e no início de 2018.

Contudo, as vendas no mercado nacional dependem da oferta de crédito.

Hoje, sete dos dez automóveis mais vendidos custam menos de R$ 50 mil e atendem a um público mais dependente de linhas de financiamento, que, nos últimos anos, teve dificuldade em aprovar suas fichas junto aos bancos.

O presidente da Anfavea está otimista quanto à manutenção da oferta de crédito no setor automotivo.

"Estão acontecendo vários movimentos. A inadimplência caiu muito, e a oferta de crédito em outras áreas, como o setor imobiliário, caiu também. Isso tem feito os bancos olharem mais para o segmento automotivo, vejo um movimento positivo aí", diz Megale.

Na comparação com setembro de 2017, a produção teve queda de 6,3%. Com o resultado, no acumulado de janeiro a setembro, o volume produzido alcançou 2,19 milhões de unidades, 10,5% acima do total montado no mesmo período do ano passado.

Os licenciamentos de veículos novos no mês passado caíram 14,2% ante agosto e avançaram 7,1% na comparação anual, para 213,3 mil unidades, segundo os dados da entidade. As vendas nos nove primeiros meses do ano somaram 1,85 milhão de veículos, 14% a mais que o registrado um ano antes.

As exportações de veículos e máquinas agrícolas em setembro somaram US$ 990 milhões (R$ 3,8 bilhões), queda de 23,6% ante agosto e de 28,6% sobre um ano antes. Com informações da Folhapress. 

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