Janelle Monáe, lésbica e negra, diz querer usar voz contra preconceito

A cantora americana de 32 anos é parte das atrações da Red Bull Music Academy

© REUTERS/Danny Moloshok

Cultura posicionamento 04/10/18 POR Folhapress

THIAGO NEY - Depois de dois discos que tinham como ponto de partida e inspiração o filme "Metrópolis", de Fritz Lang, e nos quais assumia a identidade de uma androide, Janelle Monáe se despe de qualquer personagem em "Dirty Computer", o mais recente álbum. Racismo, machismo e homofobia são alguns dos temas que percorrem as suas 14 músicas.

PUB

"As primeiras faixas mostram uma pessoa renegada. Depois, temos músicas mais de celebração. Já as quatro últimas são como uma afirmação", disse Monáe, em Berlim.

A cantora americana de 32 anos é parte das atrações da Red Bull Music Academy, que começou no início de setembro e se estende até 12 de outubro na capital alemã. Às margens do rio Spree, o evento reúne 61 jovens músicos de 37 países, incluindo o Brasil, representado pelo DJ e produtor Benjamim Sallum.

+ 'Lilo & Stitch' é nova aposta de live-action dos estúdios da Disney

Além de acesso a estúdios e equipamentos para produzir música, os participantes frequentam conversas e palestras de nomes como a DJ Nina Kraviz e a própria Monáe.

"Sou uma jovem americana lésbica e negra. Era importante criar uma experiência em que as pessoas que são marginalizadas possam sentir que não precisam mudar para serem aceitas pela sociedade", disse a cantora. "Mesmo que o sistema não esteja funcionando ao meu favor, os Estados Unidos são o meu país, e estarão ao meu lado um dia."

Esse sentimento está explícito na última faixa do álbum, "Americans". Trecho: "Até que as mulheres ganhem o mesmo pelo mesmo trabalho / esta não é a minha América/ Até que as pessoas que amam gente do mesmo gênero possam ser quem realmente são / esta não é a minha América / Até que os pretos possam voltar para casa depois de serem parados pela polícia sem receberem um tiro na cabeça / esta não é a minha América [...] / Mas eu vou te dizer hoje que o Diabo é um mentiroso / Porque vai ser a minha América antes que tudo termine".

Monáe fala sobre a faixa: "A música não diz que a América é linda, chama a atenção para o monte de coisas erradas que estão acontecendo. Temos de consertar isso, e temos de consertar rápido, porque novas gerações estão chegando aí".

Um detalhe que salta aos olhos (e ouvidos) em "Dirty Computer" é a quantidade de gente conhecida que está nos créditos, como Brian Wilson (dos Beach Boys), Pharrell Williams, Grimes e Prince, que estava ajudando Monáe no disco antes de morrer, em abril de 2016.

"É difícil falar quanto Prince significa para mim. Sem ele acho que esse disco não existiria, não iria saber até onde poderia ir. Ele era um gênio tocando guitarra, produzindo e também na parte de negócios", afirma.

Sobre Brian Wilson, ela conta que, quando estava fazendo os vocais da música-título, podia ouvir a voz dele em sua cabeça. "Então, procuramos seu empresário. Ele foi muito legal, disse apenas: 'Me manda a fita'. Sim, Brian ainda gosta de gravação em fita! Em pouco tempo me mandou de volta."

Um dos principais momentos recentes de Monáe foi a participação na Marcha das Mulheres, em janeiro do ano passado, em Washington. Milhões de pessoas foram às ruas dos Estados Unidos para pedir mais direitos às mulheres, mudanças nas leis de imigração, racismo, entre outros temas.

Ela fez um discurso emocionante, em que se lembrou da avó, que teve 14 irmãos ("e eles dividiam um par de sapatos") e da mãe, a caçula de 12 irmãos.

"Não imaginava que iria tanta gente, ninguém imaginava, na verdade. Então me pediram para subir ao palco e dizer algumas palavras. Quando subi e vi aquela multidão, fiquei tremendo, nervosa. Angela Davis [ativista e escritora] estava ali, assim como mães de meninos negros que tinham sido mortos pela polícia. Respirei e falei o que vinha do meu coração."

Em 2016, Monáe atuou em dois filmes: "Moonlight" e "Estrelas Além do Tempo". "Gostei da experiência porque em um filme você interpreta um personagem que está dentro de uma história. Em um disco, tudo tem a ver comigo: as letras, a guitarra, o clipe. Tudo está sob meu nome. Então sinto muito mais pressão. O mundo vai me julgar e eu posso estar passando por um momento frágil. Se você não está preparada, vai sofrer." Com informações da Folhapress. 

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

brasil Rio Grande do Sul Há 12 Horas

Avião cai em Gramado; governador diz que não há sobreviventes

mundo EUA Há 16 Horas

Professora que engravidou de aluno de 12 anos é condenada

fama GUSTTAVO-LIMA Há 18 Horas

Gusttavo Lima é hospitalizado, cancela show no festival Villa Mix e fãs se revoltam

fama WILLIAM-BONNER Há 15 Horas

William Bonner quebra o braço e fica de fora do Jornal Nacional no fim do ano

brasil BR-116 Há 17 Horas

Acidente com ônibus, carreta e carro deixa 38 mortos em Minas Gerais

fama Pedro Leonardo Há 17 Horas

Por onde anda Pedro, filho do cantor Leonardo

lifestyle Smartphone Há 16 Horas

Problemas de saúde que estão sendo causados pelo uso do celular

esporte FUTEBOL-RIVER PLATE Há 16 Horas

Quatro jogadoras do River Plate são presas em flagrante por racismo

fama Vanessa Carvalho Há 16 Horas

Influenciadora se pronuncia após ser acusada de trair marido tetraplégico

mundo Síria Há 18 Horas

'Villa' luxuosa escondia fábrica da 'cocaína dos pobres' ligada a Assad