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Apesar de somar um prejuízo de R$ 92,6 milhões no primeiro semestre deste ano, a fabricante brasileira de armas Forja Taurus tem chamado a atenção do mercado pelo salto de suas ações, sendo inclusive citada no debate entre presidenciáveis na noite desta quinta-feira (4).
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Os papéis preferenciais da empresa acumulam alta de 130% no ano. Como comparação, o Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas no Brasil e do qual a Forja Taurus não faz parte, avança 9%.
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Analistas apontam que boa parte da inflada nas ações da fabricante se explica por investidores comprados em Jair Bolsonaro, isto é, que apostam na vitória do candidato do PSL na corrida presidencial -talvez até em um primeiro turno, para alguns.
Bolsonaro não só diz que as Forças Armadas precisam ser melhor equipadas, como defende a reformulação do Estatuto do Desarmamento, de modo a flexibilizar a posse e uso de armas à população."Ele defende a ampliação da segurança e, para alcançar essa meta, deveria aumentar o efetivo policial, trocar armamento, comprar mais armas. Além disso, se mudar a política de desarmamento, pode gerar um incremento na venda de armas", avalia Glauco Legat, analista-chefe de investimentos da Spinelli.
Só na semana de 17 a 20 de setembro, quando uma bateria de pesquisas cristalizou Bolsonaro na liderança das intenções de voto dos eleitores e avançando para um eventual segundo turno, as ações da Forja Taurus dispararam 91%.
No dia 19, a fabricante foi questionada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), xerife do mercado, e pela B3, dona da Bolsa, se havia algum fato que pudesse justificar o que identificaram como uma movimentação atípica de ações entre 5 e 19 de setembro.
No intervalo, o número de negócios passou de 589 para 1.308, e a quantidade de papéis preferenciais, de 590 mil para 1,5 milhão. O valor das ações da Forja saltou de R$ 2,89 para R$ 3,45.
Em resposta, a empresa disse apenas desconhecer qualquer fato ou ato relevante que possa ter influenciado a oscilação de suas ações no que tange ao número de negócios ou quantidades negociadas.A capitalização pequena da Forja Taurus também ajudaria a explicar o rápido boom das ações, apontam analistas. No ápice do ano, em 20 de setembro, o papel preferencial da fabricante atingiu R$ 5,30.
A Petrobras, por exemplo, uma das empresas mais valiosas em Bolsa no Brasil, teve ação preferencial negociada a R$ 24 nesta quinta, encerrando o dia com um valor de mercado de R$ 333,5 bilhões. O valor da Forja Taurus foi de R$ 330 milhões.
Em relatório, a Suno Research atribuiu a forte valorização da Forja Taurus a "processos especulativos".Analistas destacam que os fundamentos financeiros da companhia são frágeis.
A Suno ressalta que a Forja Taurus fechou junho com um patrimônio líquido negativo (mais passivos do que ativos em seu balanço) em R$ 510 milhões.
No período, a companhia apresentou ainda endividamento bruto de R$ 815,5 milhões -11% superior ao resultado de junho de 2017. Enquanto isso, as disponibilidades e aplicações financeiras da empresa somavam apenas R$ 9,8 milhões, 38,4% abaixo do registrado em igual momento do ano passado.
Além disso, o próprio discurso de Bolsonaro se mostra dúbio em relação aos interesses da empresa. Se, de um lado, suas afirmações sobre ampliação do armamento impulsionam as perspectivas de vendas da Forja Taurus, por outro o candidato já falou em quebrar o monopólio da fabricante.
O decreto 3.665, de 2000, estipula que produto controlado que estiver sendo fabricado no país, por indústria considerada de valor estratégico pelo Exército, terá sua importação negada ou restringida.Em uma postagem em uma rede social em novembro de 2017, Eduardo Bolsonaro, deputador federal pelo PSL e filho de Jair Bolsonaro, defendeu o fim do monopólio.
"Não quero quebrar a Taurus, mas como fabricantes como Glock, CZ, Sig Sauer e outras têm competência para produzir armamento de qualidade no exterior mas não podem fabricar suas armas aqui no Brasil embora tenham tentado? Essa pergunta sim não tem resposta...", escreveu. Com informações da Folhapress.