© Ricardo Moraes / Reuters
Após receber alta do hospital Albert Einstein no dia 29 de setembro, o candidato Jair Bolsonaro (PSL) fez sete transmissões ao vivo nas redes sociais, deu nove entrevistas à imprensa, gravou programas eleitorais e participou de um evento com seus apoiadores no Rio de Janeiro.
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O candidato, porém, declinou o convite para participar de quatro debates marcados para o segundo turno, em outubro: em 12, na Band, 14, na Gazeta, 15, na Rede TV (já cancelado) e o do dia 17, organizado pela Folha de S.Paulo, UOL e SBT.
Médicos ouvidos pela reportagem lembram que o ataque sofrido pelo presidenciável e as cirurgias pelas quais ele passou foram graves, e que cada paciente evolui de um jeito -uns mais lentamente do que outros.
Eles dizem, porém, que do ponto de vista da recuperação médica, atividades como as executadas pelo candidato e uma eventual participação em debates não trazem grande chance de complicações. Não há risco de infecção ou abertura de pontos, por exemplo. Um possível estresse excessivo causado em um debate, por exemplo, seria desaconselhável em caso de cirurgia cardíaca.
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Alguns deles também não veem diferença entre o esforço dos atos já praticados e a participação nos debates. Outros opinam que o candidato pode estar escolhendo onde gastar sua energia.
Os profissionais não quiseram se identificar porque dizem temer se expor e sofrer represálias (como autuações no Conselho Regional de Medicina por omitir opinião sobre um paciente que eles não examinaram). Também fazem a ressalva de que as decisões soberanas são da equipe que acompanha Bolsonaro e do próprio paciente.
Um dos cirurgiões ouvidos afirma que, após operações como as de Bolsonaro, costuma-se recomendar o chamado repouso ativo, ou seja, o paciente não deve carregar peso, fazer muita força, praticar exercícios vigorosos, mas deve fazer atividades leves, como caminhadas, e aos poucos retomar a rotina.
O repouso absoluto pode, inclusive, ser prejudicial. Ficar acamado eleva o risco de pneumonia, tromboembolismo e úlceras de pressão. Meias de compressão, como as usadas pelo candidato no hospital, ajudam a reduzir esses riscos.
Há protocolos internacionais, usados também no Brasil, que buscam acelerar a recuperação pós-operatória recomendando a prática de atividades físicas para a volta à vida normal o mais breve possível.
Por aqui, a diretriz foi batizada de Acerto (Aceleração da Recuperação Pós-Operatória).
No entanto, o que pode impedi-lo de executar certas funções é a sensação de cansaço maior ou até o constrangimento por causa da bolsa de colostomia –que pode provocar odores e, em geral, precisa ser esvaziada de duas a três vezes por dia ou até mais. Os médicos lembram que o uso da bolsa não é impeditivo para a realização de atividades cotidianas e que recomendam que seus pacientes tentem levar uma vida normal. Com informações da Folhapress.