© Nacho Doce/Reuters
MARCELO TOLEDO - A forte presença de venezuelanos em Roraima devido à migração em massa dos últimos anos fez serviços de saúde baterem recorde de atendimentos neste ano. Em apenas um semestre, já nasceram mais bebês de mães do país vizinho do que em 2017 inteiro, situação que se reflete também no principal hospital do estado.
PUB
Apesar de o governo do ditador Nicolás Maduro ter lançado um programa de repatriação e de o Brasil promover a interiorização de venezuelanos, Roraima, porta de entrada dos migrantes, concentra não só a presença dos estrangeiros, mas também as consequências.
A imagem que se vê nos principais cruzamentos da capital, Boa Vista, de até 15 venezuelanos ávidos por limpar os vidros dos veículos parados nos semáforos, se reflete na saúde e em outros serviços públicos.
Na maternidade estadual Nossa Senhora de Nazaré, de janeiro a junho 571 mulheres venezuelanas tiveram seus filhos no local, ante as 566 registradas em todo o ano passado.
+ Encontrados fragmentos de dinossauros nos escombros do Museu Nacional
Já no pronto-atendimento do HGR (Hospital Geral de Roraima), os atendimentos aos estrangeiros crescem a cada ano. O total passou de 628, em 2015, para 2.034 no ano seguinte e 6.383, em 2017. Neste ano, até julho, o total alcançou 9.699.
As internações seguem o mesmo ritmo: 684 neste ano, ante 579 em 2017, 244, em 2016, e 114, em 2015.
O tema, previsível, foi um dos que dominaram o primeiro turno da campanha eleitoral e, na avaliação de membros do governo de Suely Campos (PP), foi um dos motivos da não ida da governadora ao segundo turno -assim como a crise financeira no estado e a falta se solução para a interligação de Roraima ao sistema energético nacional.
A disputa para assumir o estado a partir de janeiro está entre Antonio Denarium (PSL) e José de Anchieta (PSDB).
"Vivemos dificuldade financeira, temos dificuldade sim, como o aumento da população de mais de 10% devido à migração venezuelana, sem termos aporte do governo federal", afirmou a governadora.
Na educação, há 1.649 venezuelanos matriculados nas escolas estaduais. O cenário se repete na rede municipal.
DISPUTA
Roraima cobra R$ 184 milhões do governo federal pelos gastos que afirma ter registrado desde o início da migração, mas nada indica que haverá sucesso no pedido. O estado foi ao STF (Supremo Tribunal Federal). A fronteira chegou a ser fechada para tentar frear a entrada de venezuelanos, mas foi reaberta 15 horas depois.
Em agosto, o senador Romero Jucá (MDB-RR) disse ter deixado a liderança do governo por discordar do posicionamento da União sobre a questão dos venezuelanos.
Boa Vista tem hoje 10 abrigos instalados para acolhimento dos venezuelanos e deve criar mais unidades. Já em Pacaraima, cidade fronteiriça com a Venezuela, há 1 abrigo indígena e 1 abrigo temporário.
Eles comportam cerca de 5.000 pessoas, sendo 4.600 na capital e 400 na fronteira. Com informaçõesa da Folhapress.