© Ueslei Marcelino/Reuters/Arquivo
FABIANO MAISONNAVE - Alvo de duras críticas do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), o Ibama e o ICMBio sofreram ataques na Amazônia durante operações de combate ao desmatamento ilegal.
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O atentado contra o Ibama aconteceu às 22h do sábado (20), na cidade de Buritis (RO), a 338 km de Porto Velho. Usando um galão de gasolina, um homem ateou fogo em três das dez viaturas do órgão estacionadas em frente a um hotel.
O fogo foi controlado por policiais, evitando que se espalhasse às demais viaturas. O suspeito do ataque, Edmar dos Santos Lima, foi preso e autuado por dano ao patrimônio público.
Durante a confusão, um grupo de pessoas se aglomerou diante do hotel. Algumas delas passaram a incentivar a queima de outras viaturas e chegaram a romper o cordão de isolamento. A polícia conseguiu conter um segundo ataque e prendeu um dos incentivadores, de acordo com o boletim de ocorrência.
A pedido do Ibama, uma unidade de elite da PM de Rondônia foi deslocada até Buritis. O órgão ambiental também solicitou reforço da Força Nacional. A equipe do Ibama está em Buritis para uma operação de combate ao desmatamento, como parte do Plano Nacional Anual de Proteção Ambiental (Pnapa).
É a primeira vez neste ano que o Ibama tem viaturas incendiadas. Em julho do ano passado, um ataque queimou oito caminhonetes no sudoeste do Pará. Os veículos estavam sendo transportados em um caminhão-cegonheira.
No caso do ICMBio, o incidente ocorreu na sexta-feira (19) à tarde, no município de Trairão (PA), situado na BR-163 e a 1.395 km a sudoeste de Belém. Trata-se do primeiro ataque ao órgão ambiental neste ano em todo o país.
De acordo com o relato oficial, uma equipe estava na Floresta Nacional (Flona) Itaituba 2 para verificar um desmatamento detectado por satélite e combater o roubo de madeira.
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Enquanto isso, foi queimada uma pequena ponte na única estrada de acesso. Áudios obtidos pelo ICMBio mostram que a ação foi orquestrada por moradores de Bela Vista do Caracol, distrito de Trairão, cuja economia depende de madeira ilegal e extração de palmito.
Quando a equipe estava parada na ponte queimada, um grupo de moradores se concentrou numa segunda ponte, a algumas centenas de metros. Agentes do ICMBio relataram ter ouvido tiros.
Acionada, a Polícia Militar conseguiu desmobilizar os moradores. Depois que os agentes do ICMBio improvisaram uma segunda ponte, os policiais escoltaram a equipe até a cidade de Itaituba.
Esses episódios ocorrem em meio a reiteradas críticas de Bolsonaro contra o Ibama e o ICMBio. Em pronunciamento logo após o primeiro turno, ele prometeu acabar com a "indústria de multas" dos órgãos ambientais.
"Vamos botar um ponto final em todos os ativismos do Brasil. Vamos tirar o Estado do cangote de quem produz", prometeu, em referência aos órgãos ambientais.
A animosidade de Bolsonaro tem origem numa multa de R$ 10 mil que recebeu do Ibama após ser flagrado pescando dentro de uma unidade de conservação, em Angra dos Reis (RJ). Em retaliação, o deputado federal apresentou, em 2013, um projeto de lei que proibia agentes ambientais de portarem arma. Bolsonaro depois retirou a proposta, mas nunca pagou a multa.
Para agentes do Ibama e do ICMBio, as declarações de Bolsonaro alimentam a hostilidade contra os órgãos na Amazônia, onde já enfrentam dificuldades para atuar. No ano passado, por exemplo, os escritórios de ambos órgãos foram incendiados por garimpeiros ilegais em Humaitá (AM).
O capitão da reserva do Exército recebeu votação acima da média nacional (46%) nas regiões dos ataques. No Trairão, o candidato do PSL obteve 51,9% dos votos válidos. Em Buritis, o percentual chegou a 69,9%. Com informações da Folhapress.