© Ricardo Stuckert / Divulgação
O PT anunciou nesta segunda-feira (22) que vai ingressar contra o presidenciável Jair Bolsonaro com ações no STF (Supremo Tribunal Federal), TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e no conselho de ética da Câmara dos Deputados por causa de declarações do candidato do PSL em uma transmissão pela internet a manifestantes favoráveis a ele no domingo (21).
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Dirigentes do partido também procuraram os representantes da OEA (Organização dos Estados Americanos) que estão no país como observadores do processo eleitoral. Aos integrantes da organização, petistas também relataram questões envolvendo o uso irregular de contas do aplicativo de troca de mensagens WhatsApp. Também houve cobrança em relação à atuação dos tribunais brasileiros.
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"Não me lembro de ter vivido um processo eleitoral no Brasil com tantos casos de violência relatados. O discurso do Bolsonaro foi pior que o discurso de Hitler na Alemanha numa situação semelhante, antes da eleição. É muito grave o que estamos vivendo. Temos ameaça de morte. Nós podemos ter um domingo, nas eleições, um domingo sangrento, com gente indo para as ruas com barras de ferro, com facas, pedaços de pau para tirar de circulação quem veste a cor vermelha. Espero que as autoridades ajam, que o STF efetive medidas, que utilize-se do poder que tem para que a gente não assista isso no Brasil", disse a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR).
Na live a manifestantes no fim de semana, Bolsonaro diz que "esses marginais vermelhos serão banidos de nossa pátria", que o país "não é dessa gangue que tem uma bandeira vermelha e tem a cabeça lavada" e menciona nominalmente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e o candidato do PT ao Planalto, Fernando Haddad.
"Você vai apodrecer na cadeia. Brevemente, você terá Lindbergh Farias para jogar dominó no xadrez. Aguarde, o Haddad vai chegar aí também. Mas não será para visitá-lo não. Será para ficar alguns anos ao teu lado. Já que vocês se amam tanto, vocês vão apodrecer na cadeia. Porque lugar de bandido que rouba o povo é atrás das grades", disse Bolsonaro no domingo.
O PT ainda não definiu que instrumentos jurídicos adotará, mas informou que ingressará com as ações já nesta terça-feira (23), atribuindo a Bolsonaro atos como apologia ao crime e incitação à violência. O partido diz que Bolsonaro praticou "crime contra a humanidade" por "incitar perseguição de grupos". Segundo os dirigentes da legenda, também será feita uma notificação de responsabilização do presidenciável caso algo aconteça a Haddad ou Lindbergh.
"Se algo acontecer a Fernando Haddad ou Lindbergh Farias, a responsabilidade é dele [Bolsonaro], objetiva, e vai ter responsabilidade solidária nos casos que acontecerem com outros militantes nossos ou com pessoas que eles consideram fora da normalidade. É ele quem está incitando o ódio", disse Gleisi, que também cobrou a atuação das cortes superiores.
"Fico muito preocupada com o posicionamento dos nossos tribunais, diante destes fatos graves, de dizer que não tem o que fazer e que tem o tempo dos tribunais."
No conselho de ética, também haverá representação contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidenciável que, em vídeo que começou a circular no domingo, fala em fechar o STF.
Após a reunião com representantes da OEA, líderes petistas também criticaram a fala de Bolsonaro sobre o jornal Folha de S.Paulo.
"Queremos a imprensa livre, mas com responsabilidade. A Folha de S.Paulo é o maior fake news do Brasil. Vocês não terão mais verba publicitária do governo. Imprensa livre, parabéns. Imprensa vendida, meus pêsames. Somos amantes da liberdade. Queremos a democracia e queremos viver em paz", disse Bolsonaro no domingo.
"Eles falam em liberdade de imprensa e o seguinte 'vocês não terão mais verba publicitária do governo, ameaçando jornal. Imprensa livre, parabéns, imprensa vendida, meus pêsames. Quem é que diz se a imprensa é livre ou é vendida? É ele que diz. Não pode ter matéria contra ele. E quando fala 'meus pêsames'... Você dá pêsames quando tem morte. Isso é uma ameaça clara. No caso aqui, à Folha de S.Paulo, à existência do jornal", afirmou Lindbergh.
O líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), criticou o fato de autoridades minimizarem ameaças e afirmou que o discurso de Bolsonaro estimula a violência contra adversários políticos, gays, negros, imigrantes, mulheres e jornalistas.
"Temos um candidato se dirigindo a milhões de pessoas e pedindo a cabeça do senador Lindbergh, do candidato Fernando Haddad, [dizendo] que o Lula vai apodrecer na cadeia, como se ele fosse o Poder Judiciário, estimulando, empoderando as pessoas a agredir jornalistas. Quero chamar a atenção de vocês. Podemos ter no domingo neste país uma situação jamais vista: órgãos de imprensa sendo destruídos, veículos de imprensa, sindicados, aldeias indígenas, sedes de partidos, casas das pessoas. É isso o que eles estão preparando para o Brasil", afirmou Pimenta. Com informações da Folhapress.