Empresário envolvido em confronto de polícias morre em hospital de MG

Jerônimo da Silva Leal Júnior estava internado sob custódia

© Pixabay

Justiça Trama 25/10/18 POR Folhapress

Morreu na manhã desta quinta-feira (25), em Juiz de Fora (MG), o empresário Jerônimo da Silva Leal Júnior, em decorrência de disparos sofridos na última sexta (19) no estacionamento do próprio hospital onde estava internado.

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Leal Junior é a segunda vítima fatal do tiroteio ocorrido entre polícias ocorrido naquele dia, durante uma negociação envolvendo R$ 14 milhões em cédulas falsas.

O hospital informou que a morte ocorreu no final da manhã em razão da gravidade dos ferimentos.

A Justiça, no último domingo, informava que estava entre a vida e a morte.

Ele era dono de empresa de segurança contratada por empresários paulistas para ir até Juiz de Fora. O objetivo era protegê-los de eventual ataque.

+ Suspeito encena a própria morte para despistar polícia, mas acaba preso

ESCOLTA

Alvo da escolta, o doleiro Flávio de Souza Guimarães saiu de São Paulo em direção a Minas em um avião particular para realizar um "negócio milionário". No voo, estava acompanhado de um delegado da polícia de SP, dos empresários Roberto Uyvare Júnior e Jerônimo da Silva Leal Júnior e de seu advogado.

Uyvare Júnior, segundo a Justiça mineira, possui empresas na França, na Espanha e no Brasil. Já Leal Júnior seria dono de uma empresa de segurança em São Paulo.

Flávio Guimarães prestou depoimento à Corregedoria da Polícia Civil na segunda-feira (22). Nele, negou que tivesse objetivo eleitoral, assim como também negou que tenha levado dólares para Minas para serem trocados por reais. Alegou que foi a Juiz de Fora para pegar um empréstimo.

"O declarante nega, de forma veemente, qualquer vinculação dos fatos aqui narrados com atividade político-partidária de qualquer espécie ou viés, refutando especialmente alegação sentido de caixa dois eleitoral", diz trecho do depoimento do empresário, após questionado sobre isso.

Segundo a reportagem apurou, a cúpula da Segurança Pública não acredita nessa versão de empréstimo, tanto assim que classifica como criminoso ato praticado pelos nove policiais civis que participaram da escolta do empresário até lá. O empresário disse ainda que pagou R$ 30 mil pelo serviço de escolta, por temer ser alvo de eventual sequestro em Juiz de Fora.

As apurações conduzidas pela polícia mineira indicam até agora que as malas de dinheiro seriam transportadas para São Paulo, mas só não foram porque, durante a negociação, os empresários paulistas desconfiaram de golpe -de que parte do dinheiro (notas de R$ 100) era falsa. Isso deu início à troca de tiros, já que policiais civis de Minas acompanhavam o empresário Vilela.

Nesta terça (23), a Ouvidoria da Polícia encaminhou à Superintendência da Polícia Federal pedido para que a instituição acompanhe o caso por envolver policiais de dois estados e suspeitas de crimes graves, como homicídio, lavagem de dinheiro, prevaricação, estelionato e organização criminosa.

"Entendemos que, pela complexidade desta ocorrência, é fundamental o acompanhamento da Polícia Federa", diz ofício assinado pelo ouvidor, Benedito Mariano.

ENTENDA O CASO

Escolta: nove policiais civis de São Paulo, entre eles dois delegados, foram contratados para escoltar três empresários paulistas durante negociação em Juiz de Fora (MG). Eles receberiam R$ 1.500 pelo serviço.

Negociação: na sexta (19), em um hotel da cidade mineira, os empresários paulistas iniciaram uma negociação com o mineiro Antonio Vilela. A suspeita é que os paulistas tinham ido negociar dólares.

Pagamento: mais tarde, Vilela, os empresários e quatro policiais paulistas foram até o estacionamento de um hospital, onde uma transação envolvendo R$ 14 milhões seria finalizada. Lá também estavam quatro policiais mineiros, que, suspeita-se, fariam a escolta de Vilela.

Notas falsas: segundo a investigação, os paulistas teriam descoberto que notas de real usadas no pagamento eram falsas. Isso teria dado início ao tiroteio.

Feridos: três pessoas foram baleadas: o mineiro Vilela, que já teve alta do hospital; o empresário paulista Jerônimo Jr., que morreu no hospital na manhã de quinta-feira (25); e o policial mineiro Rodrigo Francisco, que morreu no local.

Retorno: cinco dos nove policiais civis retornaram a São Paulo antes da ação que resultou no tiroteio. Eles não foram presos, mas estão sendo investigados, já que a transação de dinheiro era ilegal.

Presos: foram presos os quatro policiais paulistas que estavam presentes no tiroteio e Vilela. O empresário Jerônimo Jr., que morreu, estava internado sob custódia policial pelo homicídio do agente mineiro Francisco.

Investigados: o doleiro paulista Flávio Guimarães está em liberdade, mas não pode deixar o país. Os quatro policiais mineiros e o empresário paulista Roberto Uyvare Jr. também são investigados.

Apreensão: as malas com R$ 14 mi em dinheiro, que seriam de Vilela, foram apreendidas pela polícia de MG. Não foram encontrados dólares.

QUEM ESTÁ PRESO

Rodrigo Castro Salgado da Costa, delegado da Polícia Civil de SP, por lavagem de dinheiro; Caio Augusto Freitas Ferreira de Lira, investigador da Polícia Civil de SP, por lavagem de dinheiro; Jorge Alexandre Barbosa de Miranda, investigador da Polícia Civil de SP, por lavagem de dinheiro; Bruno Martins Magalhães Alves, delegado da Polícia Civil de SP, por lavagem de dinheiro; Antônio Vilela, empresário mineiro, por estelionato. Com informações da Folhapress.
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