© Marcelo Camargo/Agência Brasil
O secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, afirmou que zerar o deficit das contas públicas no prazo de um ano, como foi ventilado pelo economista Paulo Guedes, do candidato Jair Bolsonaro (PSL), é um desafio muito grande e não resolve o problema.
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Questionado sobre o tema por jornalistas sobre o tema durante a divulgação do resultado das contas públicas de setembro, o secretário disse que o plano dependeria de receitas extraordinárias, como recursos de privatizações, muito elevadas.
"Zerar no próximo ano, só se tivesse uma receita extraordinária muito elevada. Mas dependeria de uma receita extraordinária de magnitude muito grande, é um desafio muito grande", disse.
Ele declarou ainda que só zerar o deficit com receita extraordinária "não resolve". "Uma família que tem uma despesa de 100, e uma receita de 50, pode vender um automóvel e naquele ano não tem deficit, mas depois a despesa volta", lembrou.
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Mansueto também lembrou que decisões de privatizações e concessões muitas vezes têm "efeitos inesperados".
"Estamos agora por exemplo fazendo privatizações das distribuidoras da Eletrobras, uma decisão tomada em junho de 2016. Essas decisões precisam passar por assembleia de acionistas, pelo TCU [Tribunal de Contas da União). É difícil controlar o cronograma".
Perguntado sobre o tema, o secretário também disse que o regime de capitalização da Previdência, que é uma das propostas em estudo por Guedes, tem um custo muito alto se for implementado de forma imediata.
"Tudo depende de como é desenhado esse regime. Dependendo, o custo pode ser expressivo. Dá pra montar desde que seja muito gradual, algo que vai começar daqui a 10, 15, 20 anos. Atualmente, o maior desafio é estabelecer regras de acumulação e função e estabelecer idade mínima", disse.
Ele afirmou que defende uma reforma parecida com a enviada pelo governo Temer. "A minha posição é algo muito próximo do que já foi encaminhado ao Congresso, com idade mínima".
CONVITE
Ele negou ter sido convidado por Guedes para permanecer na equipe econômica em um eventual governo Bolsonaro.
"Aqui falamos com assessores econômicos de vários candidatos no primeiro turno. Eu não tive contato algum com nenhum assessor econômico de nenhum candidato depois do segundo turno. Não vamos especular nem trabalhar em cima de hipóteses", disse.
Segundo ele, já um reconhecimento das candidaturas ao trabalho dos servidores do Ministério da Fazenda. "Eu sou um servidor público. Posso ficar aqui na Fazenda, posso voltar para o Ipea [Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada]", disse. "Não discuto hipóteses", declarou ao ser questionado se aceitaria um eventual convite do economista de Bolsonaro.