© REUTERS / Ricardo Moraes
Os 147 milhões de brasileiros que estão aptos a votar chegam hoje (28) às urnas sem terem tido a oportunidade de ver os dois candidatos que pleiteiam o maior cargo do país exporem os detalhes de suas propostas de governo. Também não puderam ver questionada a viabilidade delas.
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A ausência de debate num segundo turno de disputa pela Presidência da República é inédita na redemocratização - e talvez seja a síntese da eleição de 2018, em que a racionalidade e a maturidade política estiveram, como nunca, distantes.
Mesmo liberado pelos médicos, Jair Bolsonaro (PSL) optou, como estratégia de campanha, por não correr o risco de perder, com sua impulsividade, pontos nos debates.
O eleitor não sabe dizer o que Bolsonaro ou seu adversário Fernando Haddad (PT) farão imediatamente, caso assumam o Palácio do Planalto, para, por exemplo, reverter o desemprego, que atinge 13 milhões de trabalhadores e suas famílias.
Ninguém tem na ponta da língua a grande medida de seu candidato, mas qual brasileiro, incentivado pela propaganda de seus presidenciáveis, não discutiu ou ouviu falar do risco iminente de o Brasil virar a caótica Venezuela ou voltar a ser uma ditadura? E o destino tenebroso ocorrer, paradoxalmente, como resultado do voto - exatamente o clímax da democracia?
Um catastrofismo que não resiste a uma breve análise histórica ou a fatos ocorridos ontem mesmo, que reiteram a força das instituições brasileiras. Reafirmada, por exemplo, quando o STF proíbe a invasão policial das universidades e a Justiça impõe tornozeleira eletrônica para o coronel da reserva que ameaçou e xingou magistrados.
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Regada a fake news, que já inscreveu no futuro do PSL uma investigação por crime eleitoral, a campanha presidencial de 2018 foi certamente a mais violenta, a começar pela facada levada por Bolsonaro.
Violência que, apesar de condenada pelos candidatos, ganhou espaço nas ruas, na forma de animosidade entre torcidas. Os registros mostram que hooligans pró-Bolsonaro pontificaram.
No último dia de propaganda eleitoral, os dois candidatos mantiveram, na voz dos locutores, os pesados ataques mútuos. Foi a eleição em que se pediu mais o voto contra o adversário do que a favor da própria candidatura. Basta lembrar os movimentos #EleNão versus #PTNão.
O tom impressionista e emocional predominou nos discursos e o imaginário foi longe na campanha. A ponto de a Justiça Eleitoral ter de mandar um candidato parar de se apresentar com a cara de outro. Hoje, abertas as urnas, se imporá para o vencedor o Brasil real. Com informações da Agência Brasil.