© Rovena Rosa/Agência Brasil
O ministro de Minas e Energia, Moreira Franco (MDB-RJ), afirmou que o modelo calcado nas usinas hidrelétricas está encerrado no país.
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A retomada da construção de hidrelétricas, inclusive na região da Amazônia, é uma das principais pautas da equipe do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), para o setor elétrico.
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"A fonte hídrica não dá mais a segurança que deu no passado, que justificou todos os investimentos vultosos. Ela é tão dependente da natureza como outras fontes, que o setor hídrico acha que são fontes menores, porque dependem da natureza. Eles não se olham no espelho e veem que eles também já dependem da natureza", afirmou o ministro.
O ministro ainda defendeu, mesmo sem fazer referência direta, os leilões regionais de usinas térmicas a gás natural, proposto por meio de consulta pública pelo ministério.
O modelo é extremamente controverso dentro dos próprios órgãos do setor elétrico, como mostrou a Folha, em julho.
Críticos afirmam que a consulta pública do governo visa viabilizar um leilão no Nordeste, defendido principalmente por políticos e empresários em Pernambuco.
Além disso, há questionamentos à contratação regional das usinas, que limita a concorrência e contraria o sistema interligado nacional -em que a energia não precisa necessariamente ser gerada na região onde é consumida, pois pode ser transportada por meio de linhas de transmissão.
Esse modelo, existente há décadas no país e defendido por diversos especialistas do setor, foi criticado pelo emedebista.
"Temos um país extremamente diverso, e essa diversidade é incompatível com o sistema nacional, único, como se as regiões fossem iguais. Uma fonte que pode oferecer energia barata em determinada região é impedida de oferecer energia barata porque é preciso que essa contribuição [a energia gerada] entre no sistema, que impõe desvios desnecessários e prejudiciais à família brasileira", afirmou, em seu discurso.
Moreira Franco também disse que é preciso diversificar a matriz, não apenas com energia limpa, mas também para garantir a segurança elétrica. Para defensores do leilão, as usinas térmicas movidas a gás natural são uma fonte que traz estabilidade, por terem a capacidade de serem despachadas a qualquer momento.
"Se o Brasil não tivesse tido a maior crise econômica de sua história, teríamos tido um apagão", afirmou o ministro.
Outros empresários ligados ao setor de gás natural buscaram apresentar propostas a Bolsonaro, ainda durante a campanha.
Na semana passada, o então presidenciável recebeu uma equipe de técnicos, que incluía o presidente da Abegás (Associação Brasileira de Empresas Distribuidoras de Gás), Augusto Salomon, e o consultor Adriano Pires, do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), um dos técnicos do setor que defende o uso de térmicas a gás para garantir a segurança do sistema elétrico. Com informações da Folhapress.