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A futura primeira-dama do Brasil, Michelle Bolsonaro, nega que o marido, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) seja homofóbico, racista ou misógino.
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Michelle aproveitou entrevista ao Domingo Espetacular exibida neste domingo (28) na Record para rebater essas acusações.
"Ele é tachado como fascista, homofóbico, e nós temos amigos gays. Eu tenho um primo gay", afirmou Michelle, quando questionada sobre declarações do capitão reformado que apontam o contrário.
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Bolsonaro já afirmou ser incapaz de amar um filho homossexual, dizendo preferir que um de seus filhos morresse em acidente do que aparecesse "com um bigodudo".
Durante a campanha, amenizou o tom, dizendo que nunca foi contra os gays, mas que combate o "kit gay" nas escolas. A divulgação de livro que ele dizia ocorrer nunca foi feita pelo MEC, e o TSE determinou a retirada de conteúdo falso que informava o oposto.
Apesar de mais contido no tema, Bolsonaro ofereceu um beijo em tom de brincadeira para uma apoiadora homossexual. "Meu beijo cura, hein?", disse, como se o ato fosse capaz de converter a orientação sexual da mulher.
Michelle refutou que o marido seja racista, na mesma linha de raciocínio que usou para negar homofobia. "Ele é tachado como racista. Um dos melhores amigos dele há 20 anos é o Hélio Negão."
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Hélio foi eleito deputado federal na esteira da popularidade do capitão reformado, utilizando o nome de Hélio Bolsonaro nas urnas –foi o mais votado no Rio de Janeiro. Jair Bolsonaro já respondeu pergunta sobre seus filhos se apaixonarem por uma negra dizendo que não corria "esse risco" porque eles "foram muito bem educados".
Em 2017, disse em palestra que os quilombolas não servem nem para "procriadores". A frase motivou denúncia sobre racismo, que foi recusada em setembro pelo STF.
Em relação a misoginia, Michelle demonstrou confusão na resposta, fazendo menção a xenofobia. "Ele é tachado como misógino e ele é casado com quem? Com uma filha de um cearense."
Bolsonaro já afirmou que não empregaria homens e mulheres como o mesmo salário, apesar de ter "muita mulher que é competente" e que não estupraria uma colega congressista porque ela não merecia.
Disse também que um índio que tinha lhe atirado um copo de água em protesto deveria comer capim para manter as suas origens.
Na entrevista à Record, a futura primeira-dama disse acreditar que o marido terá a chance de demonstrar que não é o que suas declarações demonstraram. "Tenho certeza que Deus estát dando essa oportunidade pro Brasil conhecer o Jair de verdade."
Sobre a vida doméstica, Michelle disse que o presidente eleito faz questão de sempre fazer o café da manhã em casa, mas que "não está mais compensando" porque "ele deixa a cozinha toda bagunçada". "Sou eu que arrumo", afirmou.
Sobre o atentado sofrido em 6 de setembro pelo então presidenciável, disse não ter sentido medo de perdê-lo, mas sim tristeza por ele "precisar passar por aquilo". E fez um apelo. "Peço que Deus venha a colocar temor e amor no coração dessa pessoa [o autor da facada], porque é muita maldade. É um ser humano muito mau."
DEFICIENTES
Tradutora de Libras (Língua Brasileira de Sinais) para surdos, a futura primeira-dama afirmou que seu papel institucional deve ser pautado pelo trabalho com deficientes e a população carente no sertão. "Quero fazer a diferença. Tenho muito amor para lutar pelo que eu acredito, lutar pelas pessoas com deficiência, pela comunidade surda, para fazer missões no sertão", disse.
"Meu sonho é chegar no sertão. Tenho muita vontade que essas pessoas melhorem de vida."Ao Jornal Nacional no sábado (27), Michelle já tinha dito que queria fazer "todos os trabalhos sociais possíveis".
A esposa de Jair Bolsonaro foi a responsável por controlar o fluxo de políticos na casa da família no Rio durante a campanha presidencial. Casada com o futuro presidente desde 2013, o casal faz aniversário com diferença de apenas um dia (21 e 22 de março), mas tem 27 anos de diferença -ele tem 63 e ela, 36.
Os dois têm uma filha, Laura, 8, além dos quatro filhos homens do novo presidente e da filha de 16 que Michelle tem de relacionamento anterior. O casamento foi celebrado pelo pastor Silas Malafaia, que descreve ela como uma "menina simples" e "recatada". "Nunca a vi, desculpa a expressão, com roupa de perua", disse Malafaia à Folha de S.Paulo.
Ela aprendeu a língua brasileira de sinais, Libras, com um tio deficiente auditivo, e aprimorou-se no idioma após conhecer um casal de surdos na antiga igreja que frequentava.
Michelle nasceu em Ceilândia (Distrito Federal) e conheceu o então deputado Bolsonaro quando era secretária parlamentar na Câmara –onde já trabalhou na liderança do PSB, sob comando de Márcio França, atual governador de São Paulo, candidato derrotado ao governo paulista.
Chegou a integrar o gabinete do marido, onde quase triplicou seu salário, e foi exonerada em 2008, após o Supremo Tribunal Federal proibir o nepotismo nos três Poderes. Com informações da Folhapress.