STF veta ação policial em universidades

Na sessão, os ministros fizeram discursos enfáticos em defesa da pluralidade de ideias

© Divulgação

Política Plenário 01/11/18 POR Estadao Conteudo

O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou, por 9 votos a 0, a decisão liminar dada pela ministra Cármen Lúcia que suspendeu os atos judiciais e administrativos que determinaram o ingresso de agentes policiais em universidades públicas e privadas antes das eleições para impedir reuniões, aulas, manifestações e retirar faixas de protesto contra o "fascismo", entendidas como propaganda eleitoral irregular.

PUB

Na sessão, os ministros fizeram discursos enfáticos em defesa da pluralidade de ideias, com duras críticas à repressão da ditadura militar. Também reafirmaram a defesa da liberdade de cátedra, de reunião e de expressão, alguns dos temas discutidos no projeto Escola sem Partido, que chegou a ser pautado em comissão da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira, 31, mas foi adiado por falta de quórum.

Pela decisão estão suspensos não só os atos referidos na Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) apresentada pela procuradora-geral de Justiça, Raquel Dodge, mas também até os atos não referidos na ação desde que semelhantes. Ela determinou às autoridades o dever de se absterem de praticar no futuro novos atos contra a autonomia universitária e as liberdades de cátedra, de expressão e de reunião de estudantes e professores nas instituições de ensino.

O ministro Gilmar Mendes foi além: pediu que fossem ainda proibidos atos praticados por particulares que visassem a constranger essas liberdades. Citou serviço de delação de professores criado pela deputado estadual de Santa Catarina Ana Caroline Campagnolo (PSL). "Devemos dar resposta também a atos decorrentes de eventuais iniciativas privadas no âmbito da internet, que causam pânico, terror, causam medo às pessoas." A questão ficou para depois, quando o mérito da ação for julgado.

+ Especialistas veem Moro sob suspeição para julgar Lula

A ADPF em julgamento foi movida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) após medidas que proibiram supostas propagandas eleitorais irregulares em universidades pelo País, situação que atingiu ao menos 17 instituições em nove Estados. Relatora do caso, Cármen Lúcia reiterou no plenário os fundamentos da liminar. Para a ministra, a "única força legitimada a invadir uma universidade é a das ideias livres e plurais". Segundo ela, a tentativa de impedir ou dificultar a manifestação plural de pensamento das universidades é trancá-las, "silenciar estudantes e amordaçar professores".

Cármen Lúcia lembrou Ulysses Guimarães, que presidiu a Constituinte, para quem o traidor da Constituição era um traidor da Pátria. "A má interpretação ou a agressão aos direitos fundamentais que formam o núcleo essencial da Constituição é uma forma de trair a Constituição do Brasil e o próprio Brasil. Não há Direito democrático sem respeito às liberdades, não há pluralismo na unanimidade, pelo que, contrapor-se ao diferente e à livre manifestação de todas as formas de pensar, de aprender, apreender e manifestar uma compreensão do mundo é algemar liberdades, destruir o direito e exterminar a democracia." Foi seguida por todos os ministro presentes.

O ministro Celso Mello, que, como decano, presidiu a maior parte da sessão, afirmou que o plenário reagiria aos atentados contra a liberdade de expressão, viessem de onde viessem: do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. Ele lembrou a ação do ex-presidente do Supremo Aliomar Baleeiro que, ao defender as liberdades democráticas, teve o nome incluído no índex da ditadura militar. "Ele foi avisado pelo jornalista Ruy Mesquita que o Jornal da Tarde e o Estado de S. Paulo não poderiam mais publicar seu nome."

Para o ministro Luís Roberto Barroso, os atos do poder público confundiram liberdade de expressão com propaganda eleitoral. "Não consideramos razoável ou legítimo cenas de policiais irrompendo em salas de aula para impedir a realização de palestras ou retirada de faixas que remetem à manifestação de alunos, cenas como a apreensão de discos rígidos, de computadores. São atos inequivocamente autoritários e incompatíveis com o País que nós conseguimos criar felizmente e remetem a um passado que não queremos que volte." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

fama MC Mirella Há 17 Horas

MC Mirella expulsa os pais de casa: "Não quero mais morar junto"

fama Problemas de Saúde Há 17 Horas

Ator da Globo que pediu Pix é novamente internado

politica Bolsonaro Há 15 Horas

'Vamos partir pra guerra': golpistas pediam 'orientação' a general próximo de Bolsonaro

mundo Dominique Pelicot Há 17 Horas

Homem que permitiu estupros da esposa por 10 anos: 'Vou morrer como cão'

politica BOLSONARO-PF Há 8 Horas

PF indicia Bolsonaro e mais 36 em investigação de trama golpista

fama Gisele Bündchen Há 16 Horas

Grávida e radiante, Gisele Bündchen exibe barriguinha ao ir à academia

lifestyle Saúde Há 16 Horas

Quatro sinais de que você está consumindo açúcar em excesso diariamente

justica São Paulo Há 15 Horas

'Quem vai devolver meu filho?', lamenta pai de universitário morto em abordagem da PM

fama KIM-KARDASHIAN Há 17 Horas

Kim Kardashian sensualiza com seu robô da Tesla, adquirido por R$ 170 mil

esporte Indefinição Há 8 Horas

Qual será o próximo destino de Neymar?