© Jefferson Rudy/Agência Senado
O presidente do MDB, senador Romero Jucá (RR), afirmou nesta quarta-feira (7) que o modelo do MDB como "partido da governabilidade" acabou, mas disse que a sigla poderá ajudar o governo de Jair Bolsonaro (PSL), principalmente para o avanço de uma agenda econômica de reformas.
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Segundo Jucá, a sigla vai adotar uma postura de "independência" a partir de 2019, sem o "partilhamento de cargos" com a gestão Bolsonaro. Porém, não descartou conversar sobre o assunto caso o presidente eleito procure a legenda para lhe ceder algum posto na Esplanada.
"O MDB, por ser o maior partido, virou o partido da governabilidade, começou a atuar dentro de todos os governos. Acho que esse modelo acabou. O MDB pode ajudar, se posicionar, agora, não é indo atrás de ministério ou de cargo que vamos consolidar uma imagem de partido que vai ajudar o povo brasileiro. Não defendo o partilhamento de cargos com o MDB", disse Jucá após reunião do comando da sigla em Brasília.
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Questionado se barraria a indicação de um nome do MDB para compor o ministério de Bolsonaro, caso houvesse o convite, o senador afirmou: "Vamos ver em que situação vai se dar [o convite]. Não dá para falar sobre hipóteses. O MDB não está conversando com o novo governo, não vai discutir nenhum tipo de cargo".
Jucá disse ainda que o documento lançado pelo partido nesta quarta, intitulado "o caminho para o futuro", tem "linhas econômicas" que podem ser assumidas por Bolsonaro. "Se o futuro governo vai assumir alguma dessas bandeiras, é uma discussão que vai se fazer a nível político", declarou.
Conforme antecipou a Folha de S.Paulo nesta terça (6), o texto faz um aceno com o caminho que deveria ser seguido pelo novo governo, com foco na reforma da Previdência e no ajuste fiscal, e diz ainda que, se quiser ter sucesso no Planalto, Bolsonaro deve manter a política econômica de Michel Temer.
A cúpula do MDB se reuniu nesta quarta para chancelar o documento e, em seguida, participou de um almoço com Temer no Alvorada.
O ministro Moreira Franco (Minas e Energia), presidente da Fundação Ulysses Guimarães, reforçou a necessidade de melhorar situação econômica do país, especialmente com a realização de reformas. "Não podemos mais ter um governo que foi capturado pelas corporações, gerando um ambiente de distribuição de renda do tipo Robin Hood às avessas".
Os caciques do MDB têm discutido, ao longo da semana, a necessidade de manter unidade na sigla -Renan Calheiros, que foi muito crítico a Temer no período eleitoral, reuniu-se com o presidente na segunda (5) para discutir o futuro da sigla e tentar acertas os ponteiros com o presidente.
Ele deve ser o candidato do MDB à presidência do Senado para que a legenda tente manter algum protagonismo no Congresso durante o governo Bolsonaro.
Ainda de acordo com Jucá, que não foi reeleito senador, a política tradicional foi atingida em cheio nas eleições deste ano, mas o MDB ainda saiu maior que o PSDB e o DEM, por exemplo.
"Fica um aprendizado. Temos que esperar a poeira descer, o partido tem que oxigenar o debate e, a partir daí, ver o que vai fazer", declarou.
Alguns correligionários fizeram críticas à cúpula do partido após a reunião, exigindo renovação no comando da sigla.
"Não me considero tão velho assim", retrucou Jucá. Para ele, é preciso esperar o início de fato do novo governo, em janeiro, para que o cenário político fique mais claro.
"Se isso vai dar certo, vamos ter que avaliar lá na frente. Por isso é preciso ter calma, responsabilidade e posicionamentos claros", finalizou. Com informações da Folhapress.