Carnaval de SP tem impasse sobre megablocos

Av. Paulista é cotada para receber atrações, mas novidade esbarra em moradores

© REUTERS / Nacho Doce (Foto de arquivo) 

Brasil Previsão 08/11/18 POR Folhapress

Diante da previsão de público recorde para o Carnaval de rua de 2019 de São Paulo, criou-se um impasse a respeito de qual região da cidade irá receber os chamados megablocos, que reúnem dezenas de milhares de pessoas.

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Segundo a prefeitura, cerca de 700 blocos se inscreveram para os desfiles do próximo ano. O número é o maior já registrado na cidade e representa crescimento de 61% em relação ao último Carnaval de rua, que reuniu 433 cordões. Em 2017, foram 391. O orçamento previsto para o Carnaval de 2019 é de R$ 30 milhões, o dobro do captado via patrocínio com empresas privadas neste ano. 

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A maior preocupação da organização é com os megablocos que terão alterações no trajeto depois que a avenida 23 de maio, novidade deste ano, deixou de ser considerada uma opção para receber as principais atrações. 

Diante disso, o promotor César Ricardo Martins tem mediado acordo para escolher o novo endereço dos megablocos. A avenida Paulista é cogitada como substituta por representantes de blocos, mas a potencial novidade sofre forte resistência de moradores.

Sobre a avenida 23 de Maio, relatórios da Polícia Militar e da Guarda Civil apontaram para os riscos causados devido à falta de vias de escape, o que acaba confinando os foliões. Pessoas tiveram de pular pelos obstáculos de concreto que separam as faixas de rolamento. Os corredores de rotas de acesso projetados pela CET (Companhia de Engenharia de Trânsito) também não funcionaram. Outra reclamação pontual veio do hospital Beneficência Portuguesa, localizado na avenida, que registrou transtorno na UTI neonatal devido ao barulho intenso de até 186 decibéis dos trios elétricos.

Representante dos moradores da avenida Paulista, Raphaela Galleti diz que a via não tem estrutura para suportar desfiles dos megablocos. "É uma região problemática por causa dos hospitais. Há 12 em apenas 400 metros da avenida. Sem falar nos 18 condomínios residenciais que ficam rente à via desde seu alargamento na década de 1970", diz Raphaella, que mora na região e tem uma administradora de condomínios no mesmo local. 

De acordo com um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) assinado em 2003 por prefeitura e Ministério Público, há permissão para a Paulista abrigar apenas três eventos ao ano: Parada Gay, Réveillon e a corrida de São Silvestre. "São eventos pontuais, com horário para começar e acabar, diferente do carnaval de rua que se estende por vários dias e impacta muito a vida dos moradores", diz Raphaela. 

Entre os blocos que reúnem maior número de foliões, estão o Acadêmicos do Baixo Augusta, que tradicionalmente ocupa da rua da Consolação, e o Pipoca da Rainha, liderado por Daniela Mercury, que passa pelo mesmo trajeto. 

Outras avenidas estão sendo consideradas pela Promotoria para receber os megablocos: Marquês de São Vicente, na Barra Funda, Tiradentes e Rio Branco, na região central, e a marginal Pinheiros, na zona oeste. 

Para embasar a decisão, o promotor Martins solicitou estudos de avaliação à CET, à PM e à GCM em relação à capacidade dessas vias em receber o público do Carnaval. Próxima reunião está marcada para a segunda semana de novembro, quando deve ser decidido o novo endereço dos megablocos na capital. 

Diferente dos anos anteriores, quando a organização dos desfiles começava a ser feita em dezembro, as reuniões de membros da prefeitura e representantes dos blocos e associações de moradores têm sido feitas com antecedência, desde a metade de agosto. O cronograma foi antecipado a pedido dos representantes da sociedade civil para evitar decisões de última hora, como havia se tornado praxe.

Em nota, a Secretaria das Subprefeituras, responsável pela organização do Carnaval de rua, afirmou que os trajetos serão definidos após a apresentação dos estudos. A pasta disse também que "todos os desfiles serão aprovados por comissões locais, coordenadas pelo subprefeito e por um técnico da CET, e compostas pelos respectivos órgãos públicos envolvidos, observando a legislação pertinente". 

PINHEIROS

A descentralização da organização visa maior pulverização das atrações para evitar aglomerações de foliões em pontos específicos, como aconteceu neste ano na região da avenida Faria Lima e do largo da Batata. 

Foram para essas vias que acabaram migrando as confusões causadas por excesso de público presenciadas nos carnavais anteriores na Vila Madalena, que, neste ano, teve forte controle de entrada e saída de foliões nas principais ruas. 

Diante disso, representantes de associações de moradores de Pinheiros e arredores apresentaram ao promotor Martins um abaixo-assinado com mil assinaturas pedindo o fim de megablocos e megaeventos na região. Um dos argumentos foi a medição de até 110 decibéis feita em Pinheiros no último Carnaval, o que é incompatível para uma área residencial. 

Houve resistência também de moradores de Alto de Pinheiros, que organizaram um abaixo-assinado, diante da possibilidade de criar um trajeto entre a praça Panamericana e a rua Gastão de Vidigal para desafogar o largo da Batata. 

DREAM FACTORY

Vencedora da licitação para organizar o carnaval de São Paulo em 2018 e 2019, a empresa Dream Factory é alvo de investigação do Ministério Público por improbidade administrativa. 

Segundo a acusação, a empresa com sede no Rio recebeu tratamento privilegiado de agentes públicos da Prefeitura de São Paulo e, por isso, saiu vitoriosa do certame. São réus no processo o prefeito Bruno Covas (PSDB), que ocupava o cargo de vice na época do contrato, e secretários municipais. 

Em ação movida pela Promotoria, o Tribunal de Justiça negou liminar que destituía os poderes do contrato. A empresa foi responsável pela contratação de uma terceirizada que instalou câmeras de segurança de forma irregular em postes na cidade. Uma das instalações causou a morte por forte descarga elétrica de um estudante universitário. 

Segundo a prefeitura, o procedimento de contratação seguiu todas as normas que regem a administração pública. 

Programação do carnaval 2019

Pré-Carnaval

23 e 24 de fevereiro

Carnaval

2 a 5 de março

Pós-Carnaval

9 e 10 de março

Blocos cadastrados

700

Orçamento

R$ 30 milhões

Com informações da Folhapress.

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