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A operação, que pretendeu atingir os setores financeiro e administrativo da organização criminosa, prendeu lideranças do PCC, como Amarildo Ribeiro da Silva, conhecido como Júlio, que liderava o setor financeiro do grupo e era responsável também pela liberação de altas quantias para a compra de drogas. Entre os presos estão 15 mulas, a maioria mulheres que transportavam a droga para os pontos de venda.
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“Com o desencadeamento da operação, concluímos que atingimos efetivamente a parte financeira da organização. Obviamente não atingimos toda a organização, que é muito grande, mas isso demonstra que estamos atentos ao que está acontecendo e vamos continuar [a operação]”, disse o delegado Ruy Ferraz Fontes, que liderou a ação policial.
A operação, comandada pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), teve início no dia 19 de fevereiro, com a prisão de uma pessoa que atuava na administração de 51 pontos de venda do PCC na capital, mas se intensificou durante o último final de semana quando a maior parte dos membros do PCC foi presa.
A operação foi chamada de Bate-Bola. “Este é um termo que os criminosos usam para denominar como eles se comunicam, com pequenos bilhetes, cartinhas e pequenas anotações em celulares”, explicou o delegado Wagner Giudice, diretor do Deic. A ação mobilizou 200 policiais e contou com escutas telefônicas e interceptações de mensagens autorizadas pela Justiça. Também foram usadas câmeras escondidas que flagraram reuniões dos integrantes da organização criminosa.
Durante a investigação, a polícia identificou que Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, continua liderando as ações do PCC, mesmo estando preso em Presidente Venceslau, mas utilizando agora o codinome Russo, referência ao seu discurso marxista. “O esquema funcionava principalmente pela entrega de cartas e bilhetes às famílias”, explicou Fontes. “Marcola é, talvez, a pessoa intelectualmente mais preparada e, por seu carisma, lidera todo mundo. Toda a decisão parte de 15 pessoas que estão presas lá [em Presidente Venceslau], e a execução da operação feita pelo Amarildo, do lado de fora”, explicou Fontes. A polícia estima que o grupo movimentava R$ 7 milhões em média por mês.
Por causa disso, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella, disse que pretende pedir à Justiça, mais uma vez, para que Marcola seja encaminhado ao Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), onde ficará isolado 22 horas por dia. “Vamos analisar essas provas. Se houver existência de falta grave [de Marcola], podemos provocar o Judiciário para pedir a ida do chefe da facção ao RDD. O Ministério Público também pode fazer isso, independente da Secretaria de Segurança ou da Administração Penitenciária”, falou ele.
Na operação foram apreendidos 31 automóveis [cinco deles de luxo], duas motos, 102 quilos (kg) de cocaína, 40 kg de maconha, 300 frascos de lança-perfume, munições, um fuzil, uma submetralhadora, quatro pistolas, computadores, celulares e R$ 120,9 mil em dinheiro. Três contas bancárias da organização foram bloqueadas e serão analisadas pela polícia. Também foram emitidos dois alertas vermelhos à agência internacional Interpol para a prisão de dois foragidos que se encontram fora do país: Fabiano Alves de Souza, o Paca - que está no Paraguai e faz parte da cúpula do PCC - e Wilson José Lima de Oliveira, o Neno, que está nos Estados Unidos.
Segundo o promotor Lafaiete Ramos, as denúncias que serão feitas pelo Ministério Público vão abranger tráfico e associação para o tráfico, além de um processo penal por organização criminosa.
A participação de policiais no esquema criminoso não está descartada, e será investigada pelas corregedorias das polícias Militar e Civil. Embora o secretário de Segurança Pública de São Paulo não tenha falado sobre o número de policiais a serem investigados, ele admitiu que recebeu hoje (15) elementos de prova referentes ao “possível envolvimento” de policiais no esquema, e disse que encaminhará, ainda hoje, o material para as corregedorias.
“Eles [policiais] não fazem parte do esquema da organização criminosa. Não tem polícia trabalhando para criminoso. O que coletamos em escutas e anotações foi que eventualmente, o policial passa na biqueira, que é o ponto de venda da droga, e arrecada o dinheiro que tem naquele momento. Não mais que isso. Não é polícia trazendo droga ou comandando o crime. É muito mais situação de extorsão e concussão do que qualquer outra coisa. Não sabemos quantos [policiais] são. Não são líderes do crime. Eles se aproveitam do crime”, explicou Giudice.
A operação identificou 13 setores do PCC que operam de forma independente. Mensalmente, os representantes de cada um dos setores se reúnem para fechar a contabilidade geral das arrecadações. Os 13 setores são: a padaria (que agrega a aquisição, armazenagem e distribuição da droga), os FMs (que administra as drogas nos pontos de venda a varejo), a produção (que controla, coordena, gerencia, armazena e distribui a droga para o varejo), o progresso (que administra a venda de drogas e cigarros nos presídios e estimula a venda de drogas de forma geral), a cebola (setor que arrecada mensalidade de R$ 600 dos membros do PCC), o cadastro (que faz o controle dos integrantes do PCC), a rifa (que administra a venda de rifas), o busão (que faz o transporte de visitas em presídios), a ajuda (auxílio para os integrantes presos e seus familiares), a gravata (que reúne os advogados da facção), o apoio (responsável pela administração de recursos em processos contra membros do PCC), o paiol de armas (que armazena as armas) e o final outros estados (que cuida da operação fora de São Paulo).