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Após uma puxada no último pregão, o dólar fechou em baixa ante o real nesta quarta-feira (14), em movimento de correção amplificado pela recuperação mais generalizada de moedas emergentes.
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O dólar comercial caiu 1,25%, cotado a R$ 3,784. Na véspera, fechou a R$ 3,832, patamar considerado exagerado por alguns operadores.
No exterior, 18 das 31 principais divisas do mundo se valorizaram em relação ao dólar, influenciadas por dados americanos que mostraram a inflação em linha com a expectativa do mercado para outubro.
O IPC (Índice de Preços ao Consumidor) subiu 0,3% no mês passado. O resultado aliviou preocupações sobre um aperto monetário mais rápido por parte do banco central dos Estados Unidos, o que tende a retirar recursos de países emergentes.
O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas da Bolsa, viveu um dia de oscilações, mas acabou fechando em alta, com a disparada da JBS e conforme a Petrobras se sustentou no campo positivo.
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O indicador subiu 1,25%, a 85.973 pontos. O volume financeiro somou R$ 19,6 bilhões, em sessão também marcada pelo vencimento dos contratos de opções do Ibovespa.
Apesar da alta, o analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos, vê o índice ainda pressionado pela saída de estrangeiros de posições de risco no mundo, buscando ativos considerados mais seguros, como os títulos do Tesouro dos EUA e o dólar, por preocupações com o processo de alta dos juros americanos e desaceleração global, entre outros fatores.
A economia da Alemanha, por exemplo, contraiu pela primeira vez desde 2015 no terceiro trimestre, levantando preocupações de que a expansão de uma década está fraquejando. O PIB (Produto Interno Bruto) da potência europeia contraiu 0,2% em relação ao trimestre anterior.
A economia do Japão também encolheu mais do que o esperado no período: uma contração anualizada de 1,2% entre julho e setembro.
As principais bolsas globais voltaram a cair nesta quarta. O Dow Jones, principal índice de Nova York, perdeu 0,81%, enquanto o S&P 500 cedeu 0,76%. O índice de tecnologia Nasdaq recuou 0,90%.
Em paralelo ao cenário externo, Chinchila acrescenta que indefinições sobre assuntos importantes no processo de transição do governo, como a reforma da Previdência e questões fiscais de uma forma geral, têm gerado ruídos no mercado, que também segue atento à composição do primeiro escalão da equipe do presidente eleito Jair Bolsonaro.
"A equipe de transição segue apresentando alguns ruídos nas negociações políticas e precisando de uma interlocução segura e confiável com o mercado financeiro", avalia.
BOLSA
Os papéis da Petrobras ganharam 3,55% (preferenciais) e 1,84% (ordinários). Depois de um tombo de cerca de 7% na véspera, o petróleo esboça reação. O Brent, negociado em Londres, sobe 0,75%, e o WTI, negociado em Nova York, 0,68%.
A Petrobras foi beneficiada ainda pela sinalização do presidente do Senado, Eunício Oliveira, de que o projeto de lei que trata do contrato da cessão onerosa, que deve viabilizar um mega leilão de petróleo excedente na área no pré-sal, pode ser votado na Casa na próxima semana.
Já a JBS disparou quase 16%, com os papéis a R$ 11,40, encerrando na maior cotação de fechamento desde março de 2017, antes do escândalo de corrupção gerado pela delação de executivos da empresa.
O salto neste pregão ocorreu após a maior processadora de carnes do mundo divulgar resultado acima das expectativas para o terceiro trimestre, com um prejuízo de R$ 133,5 milhões. A companhia também reafirmou o plano de realizar o IPO da unidade dos EUA.
A Vale, que tem grande peso no Ibovespa, fez pressão negativa ao cair 1,97%, acompanhando pares na Europa que sofreram com preocupações sobre desaquecimento da demanda da China, maior consumidor de metais do mundo. Com informações da Folhapress.