© Camila Souza/GOVBA
Após o anúncio do fim da participação de Cuba no Mais Médicos, o governo informou que deve lançar edital para preencher as vagas abertas pela saída dos profissionais já na próxima semana e que a convocação deverá ocorrer de forma "imediata".
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Segundo membros do Ministério da Saúde, a previsão é que um edital para selecionar profissionais para as vagas seja publicado já na próxima segunda-feira (19).
Já o comparecimento aos municípios deve ocorrer logo após a seleção, diz a pasta.
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A medida ocorre após o governo de Cuba anunciar, na quarta-feira (14), que deixaria o programa. A decisão é atribuída a declarações do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), que tem questionado a qualificação dos médicos cubanos e manifestado intenção de modificar o acordo, exigindo revalidação de diplomas e contratação individual.
Ele afirmou nesta sexta-feira (16) que se já estivesse no cargo exigiria um "Revalida presencial" dos cubanos que integram o Mais Médicos.
Atualmente, de 16 mil médicos que atuam no Mais Médicos, 8.332 são cubanos. A saída preocupa municípios, que temem desassistência e uma espécie de "apagão médico", especialmente no Norte e Nordeste do país.
Na Guatemala, onde participa da Cúpula Iberoamericana, o presidente Michel Temer (MDB) disse que o governo está pronto para dar uma resposta imediata ao problema.
"Se Cuba realmente cumprir aquilo que alardeou, que divulgou, nós estamos preparados para imediatamente colocar... não só fazer concurso mas (...) a contratação de médicos para suprir a eventual falta dos médicos cubanos", afirmou Temer.
"Acreditamos que existe um universo de cerca de 15 mil a 20 mil médicos aptos a participarem do edital. Estamos trabalhando de forma emergencial para que, à medida que o médico cubano saia, tenhamos outros médicos brasileiros que possam ocupar esses lugares", afirmou o ministro da Saúde, Gilberto Occhi.
Segundo ele, a ideia é discutir na próxima semana com a equipe de transição propostas como a oferta de parte das vagas para formados em medicina que tenham o Fies (Programa de Financiamento Estudantil). Em contrapartida, parte da dívida seria abatida. "Vamos adotar todas as medidas para que não falte médico nas cidades brasileiras", disse.
Apesar das declarações do governo, especialistas e representantes dos municípios veem o prazo com desconfiança e dizem que pode haver dificuldade em repor as vagas dos médicos cubanos, sobretudo em regiões mais distantes dos grandes centros. A avaliação é que, embora tenha havido aumento na procura de brasileiros por vagas nos últimos editais, muitos ainda deixam de comparecer às vagas. Cerca de 30% também desistem ao longo do primeiro ano.
As estratégias da saída dos médicos cubanos foram discutidas em reunião nesta sexta (16) entre representantes do Ministério da Saúde e da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde).
Um novo encontro deve ocorrer na segunda para finalizar a decisão. Inicialmente, a previsão é que os médicos comecem a deixar o país no dia 25 e que a saída se estenda até 25 de dezembro.
Mesmo que consiga preencher todas as vagas abertas após a saída, possibilidade vista com desconfiança por especialistas, o programa deve continuar com déficit de ao menos 2.091 profissionais nos próximos meses. Com informações da Folhapress.