Após 2 anos de prisão, investigação avança sobre 'tentáculos' de Cabral

Acusado de desviar mais de R$ 400 milhões, lista de mesada do ex-governador tem ao menos 60 pessoas

© Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

Política ex-governador 17/11/18 POR Folhapress

Dois anos após a prisão de Sérgio Cabral (MDB), as investigações sobre o caso avançam para os "tentáculos" do esquema atribuído ao ex-governador.

PUB

Alvo de 26 ações penais, oito condenações que somam 183 anos de prisão, Cabral é suspeito de manter uma rede de mesadas que reúne mais de 60 pessoas, que vão desde o governador Luiz Fernando Pezão (MDB) a um fundador de um bloco carnavalesco.

+ Aliados de Lula dizem que prisão será mais dura após Moro assumir

Os beneficiários também foram parentes, funcionários de baixo escalão do Palácio Guanabara e secretários de estado. Os valores variam de R$ 150 mil a R$ 500 mensais. Somados, perfazem um gasto de quase R$ 4 milhões só em mesadas.

A maior parte dessa rede foi revelada pelo economista Carlos Miranda, que firmou acordo de colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República. Ele sairia na sexta (16) da prisão, como parte do acordo, o que não ocorreu até a conclusão desta edição por problemas burocráticos.

Cabral, que foi detido em 17 de novembro de 2016, é acusado de pedir 5% de propina nos maiores contratos do estado em sua gestão (2007-2014).

As denúncias já apontam o pagamento de R$ 418 milhões em propina. Há outras frentes de investigação que devem ampliar este valor.

"Sabemos que não foi só o que narramos nas denúncias. Adotamos uma postura conservadora, de apontar o que realmente tem elementos concretos para embasar", afirmou o procurador Leonardo Freitas, membro da força-tarefa.

Miranda auxiliou na identificação das fontes de propina. Mas a principal contribuição deste ex-colega de escola de Cabral se dá nos demais beneficiários do esquema.

Na semana passada, sete deputados foram presos na Operação Furna da Onça, se somando a outros três que já haviam sido alvo há um ano. Eles são acusados de receber mensalmente valores entre R$ 100 mil e R$ 20 mil.

Além deles, o ex-procurador-geral de Justiça Cláudio Lopes também foi para a cadeia acusado de receber mesada de R$ 150 mil do ex-governador para protegê-lo no Ministério Público estadual.

"Várias instituições foram alcançadas por esses tentáculos da organização. Não seria de se estranhar que outras também tenham sido afetadas, na pessoa de um infiltrado", disse o procurador Freitas.

Um dos principais desafios do atual estágio é obter provas que corroborem o relato de Miranda. Minutos antes de ser preso, ele jogou num lago de sua fazenda o computador em que controlava toda essa rede de pagamento.

O Ministério Público estadual encontrou com a ajuda de mergulhadores a máquina. Mas os arquivos ainda não foram recuperados –mesmo com a ajuda do FBI.

Outras investigações acabaram por ratificar boa parte do relato de Miranda, cuja delação tem mais de 80 anexos.

Cabral desde o início nega ter pedido propina a empreiteiros. Reconhece ter arrecadado caixa dois de campanha eleitoral e que usou para fins pessoais sobra desse dinheiro.

Se há um ano sua negativa era altiva, com um tom de confronto que quase o levou para um presídio federal, o ex-governador agora assume erros, com autocrítica mais aguçada. "Foi nessa promiscuidade [com empresários] que eu me perdi, que eu usei dinheiro de campanha para fins pessoais.

[...] Eu não soube me conter diante de tanto poder e tanta força política", disse Cabral em junho em interrogatório ao juiz Marcelo Bretas.

Ele afirmou ter arrecadado cerca de R$ 500 milhões em caixa dois, dos quais R$ 20 milhões custearam despesas pessoais. Para o Ministério Público Federal, os valores são maiores e a proporção embolsada por Cabral, ainda mais.

"A extensão desses valores em nada justifica com gastos de campanha. O período desses maus feitos transcendeu em muito o período eleitoral", diz Freitas.

A fim de garantir redução de penas, o ex-governador e a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo abriram mão de seus bens para leilão. A venda dos bens gerou, no total, R$ 12 milhões além de outros quase R$ 14 milhões bloqueados em bancos -resta ainda uma lancha a ser vendida.

Pezão afirmou, por meio de sua assessoria, que "repudia com veemência essas mentiras". A defesa de Lopes afirmou que "tomará as medidas cabíveis". Com informações da Folhapress.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

politica Polícia Federal Há 21 Horas

Bolsonaro pode ser preso por plano de golpe? Entenda

fama Harry e Meghan Markle Há 12 Horas

Harry e Meghan Markle deram início ao divórcio? O que se sabe até agora

fama MAIDÊ-MAHL Há 21 Horas

Polícia encerra inquérito sobre Maidê Mahl; atriz continua internada

justica Itaúna Há 21 Horas

Homem branco oferece R$ 10 para agredir homem negro com cintadas em MG

economia Carrefour Há 19 Horas

Se não serve ao francês, não vai servir aos brasileiros, diz Fávaro, sobre decisão do Carrefour

economia LEILÃO-RECEITA Há 19 Horas

Leilão da Receita tem iPhones 14 Pro Max por R$ 800 e lote com R$ 2 milhões em relógios

fama LUAN-SANTANA Há 21 Horas

Luan Santana e Jade Magalhães revelam nome da filha e planejam casamento

brasil São Paulo Há 21 Horas

Menina de 6 anos é atropelada e arrastada por carro em SP; condutor fugiu

politica Investigação Há 13 Horas

Bolsonaro liderou, e Braga Netto foi principal arquiteto do golpe, diz PF

mundo País de Gales Há 20 Horas

Jovem milionário mata o melhor amigo em ataque planejado no Reino Unido