Gorjeta de 13% em bar e restaurante ainda divide paulistanos

Medida foi regulamentada em São Paulo em maio de 2016

© Sergio Perez/Reuters

Brasil impasse 19/11/18 POR Estadao Conteudo

Almoçar ou jantar fora diariamente faz parte da rotina do arquiteto Michel Safatle, de 34 anos. Quando chega a conta, ele não tem dúvida: se o serviço foi bom, deixa 13% de gorjeta. Já a coordenadora de comunicação Milena Lacerda, de 32, acha a prática abusiva. Para ela, os restaurantes estão caros e, por isso, 10% é mais do que justo.

PUB

Regulamentada em São Paulo em maio de 2016, a cobrança de 13% sobre o valor da conta em bares e restaurantes divide os paulistanos - e ainda surpreende clientes. "13%? Nunca reparei. Talvez já tenha até pago", contou a terapeuta ocupacional Andrea Lima, de 50 anos.

Muitos não notaram a mudança porque nem todos os estabelecimentos adotaram o novo porcentual. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Percival Maricato, "menos da metade" dos bares e restaurantes da cidade sugerem atualmente a gorjeta de 13%.

O aumento foi regulamentado para tentar adequar uma mudança trabalhista da vida dos garçons. Em 2016, os comerciantes passaram a ter de lançar no holerite do pessoal que atende as mesas a renda vinda com as gorjetas. O porcentual é uma sugestão - o cliente pode pagar a taxa de serviço que quiser e, até mesmo, não pagá-la.

"A concorrência é muito forte. Só aqueles locais que sabem que prestam um serviço diferenciado passaram a adotar os 13%. É uma decisão de cada restaurante, mas a maioria ainda sugere os 10%", afirma. Maricato diz que, embora as mudanças nas regras trabalhistas tenham criado mais custos, parte do mercado preferiu absorvê-los.

Segundo Rubens Fernandes da Silva, secretário-geral do Sinthoresp (sindicato que representa trabalhadores de bares, restaurantes e hotéis), antes o funcionário ganhava, por exemplo, R$ 1,5 mil na carteira de trabalho, mas, com as gorjetas, seus ganhos chegavam a R$ 5 mil. Na hora de se aposentar, no entanto, sua renda ficava nos R$ 1,5 mil, mais baixa do que ele recebia de fato.

+ Três meninas morrem afogadas na Represa Guarapiranga, em São Paulo

Com o novo valor em folha, diz Silva, muitas pessoas passaram a recolher mais impostos e a renda final caiu. "A saída foi permitir o aumento da sugestão de gorjeta."

Na saída de um restaurante no centro de São Paulo, enquanto a gestora ambiental Sophia Picarelli, de 34 anos, nem sabia quanto tinha deixado para os garçons, a administradora Danny Riviani, de 35, que a acompanhava, tinha o porcentual na cabeça: 13%.

Danny pagou, apesar da frustração com a refeição. Fã de quiabo, ela escolheu um prato com o ingrediente. No entanto, recebeu a massa com menos legume do que queria. "Mas eles me atenderam super bem, não iria deixar de pagar a gorjeta", contou, aos risos.

Para o engenheiro Sérgio Sertori, de 63 anos, o fato de o estabelecimento sugerir 10% ou 13% de taxa de serviço não influencia sua escolha. Para ele, a questão é outra. "Minha dúvida é se esse dinheiro vai mesmo para o garçom", questiona.

Regras

Famoso garçom de um bar na Vila Madalena, zona oeste, Joaquim Alves Ferreira, de 49 anos, há 18 servindo porções e chopes gelados, destaca um problema com as novas regras.

Segundo ele, existem bares que fazem uma média do último ano para pagar a comissão. "Recolhemos um imposto sobre algo que o cliente não tem obrigação de pagar. Pode ser que a gente pague em um mês e, no mês seguinte, receba menos gorjetas."

Ferreira diz que é raro os clientes não pagarem. No bar onde ele trabalha, a taxa sugerida é de 12%. "Quando o cliente diz que não vai pagar, perguntamos se houve problema no atendimento. Às vezes a pessoa fala que estava muito caro, que está sem dinheiro e, quando volta, paga a gorjeta", diz.

O oposto também é raro. "Pouca gente deixa mais do que o sugerido. Tem uns que arredondam para cima, deixam R$ 10 para o pessoal dividir."

Quem aposta no repasse, entretanto, confia no próprio taco e na fidelidade da clientela. "Se o serviço é bem feito, não me importo de pagar. Só não pagaria a gorjeta sugerida se o serviço fosse muito ruim, e não me lembro de isso ter acontecido", diz a estilista Ana Paula Carneiro, de 28 anos. "Não é um dinheiro que vai pesar, ainda mais porque vai para o garçom."

Os dois representantes sindicais ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo citaram alguns restaurantes que sugerem os 13%.

Procurados, eles não quiseram se manifestar. Entre os citados está a franquia de restaurantes Outback, tida por ambos como "exemplo", por deixar para o cliente a decisão de quanto deixar de gorjeta. Ali, quando a conta chega, há opções de 10%, 11%, 12% ou 13%.

A psiquiatra Pilar Lecussan Gutierrez, de 60 anos, porém, prefere que o porcentual venha apontado. "Não gosto de ter de decidir. Prefiro que já venha na conta e eu simplesmente pague." Com informações do Estadão Conteúdo.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

brasil Ceará Há 10 Horas

Tumor raro muda tonalidade da pele de jovem que busca tratamento

brasil Vendavais Há 9 Horas

Ventos fortes causam prejuízo bilionário no Brasil

politica BALEIA-ROSSI Há 9 Horas

Presidente do MDB diz que vídeo de Janja contra Nunes extrapolou qualquer padrão ético

fama Família Há 10 Horas

Viih Tube solta o verbo após declaração do pai: 'Pare de me expor'

fama Novela Há 11 Horas

'Não dava para começar trabalho cansada', diz Fernanda Torres sobre não ser Odete Roitman

fama MC Poze Há 10 Horas

Esposa de MC Poze movimentou R$ 10 milhões com rifas fraudulentas

lifestyle Os Astros Dizem Há 11 Horas

Novembro traz mudanças: as previsões de uma astróloga para cada signo

fama Espiritualidade Há 9 Horas

Courteney Cox tenta se 'comunicar' com espírito de Matthew Perry

fama Dramaturgia Há 3 mins

Gagliasso comemora beijo gay na TV após ser censurado em novela de 2005: 'Foi um tesão'

fama Redes Sociais Há 5 Horas

Tiago Leifert é detonado na web após discutir racismo com ativista