© Terray Sylvester/Reuters
LÍVIA MARRA - "Não se preocupa. Não vou te abandonar. Logo viremos te buscar", diz Steve Cox ao abraçar Ernie, seu buldogue inglês de dez anos, antes de deixá-lo em um abrigo. Vítimas dos incêndios florestais na Califórnia, nos Estados Unidos, eles ficarão separados por algum tempo.
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Cox teve a casa destruída pelo fogo, e o hotel onde está hospedado não aceita animais. Segundo a agência AFP, Ernie passou uma semana abrigado em uma caminhonete, mas agora ficará sob os cuidados de um abrigo na vizinhança de Paradise enquanto a família tenta se reorganizar.
Cox disse que voltava do médico com a mulher quando o fogo começou a se alastrar e teve pouco tempo para entrar na casa e resgatar Ernie e outros dois cachorrinhos. "São família. Não podia deixá-los lá. Tivemos apenas dez minutos para fugir."
Voluntários se mobilizam para atender aos animais que se perderam durante os incêndios, foram deixados para trás na fuga dos tutores ou não podem ficar alojados com suas famílias.
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RESGATE E BUSCA
ONGs e protetores de diferentes cidades ajudam como podem: se empenham para conseguir adotantes para os animais que já estavam abrigados e, assim, liberar vagas para os resgatados do incêndio, coletam doações ou cuidam dos bichinhos que chegam -assustados, feridos ou com queimaduras.
Há abrigos para animais maiores, em área rural, e para animais domésticos.
No aeroporto municipal de Chico, cidade vizinha a Paradise, são cuidados os animais resgatados pelos bombeiros.
Ali, a agência de notícias flagrou quando uma mulher chegou desesperada, tremendo, mostrando fotos de seus gatos e cachorros. "Por favor, imploro, me deixem entrar para ver se consigo achá-los", pediu.
A busca para tentar reunir animais e tutores é intensa, e conta com as redes sociais. Mas, enquanto permanecem nos abrigos, os animais recebem os cuidados de dezenas de voluntários -casos graves são encaminhados para centros especializados.
O San Francisco SPCA informou que metade dos animais perdidos durante os incêndios e atendidos no hospital da organização protetora já reencontraram os tutores.
Ainda segundo o grupo, um bombeiro se ofereceu para adotar Bernie, um filhotinho de cachorro resgatado, caso a família não apareça.
TRABALHO
Enquanto animais se recuperam e aguardam o reencontro com a família ou uma nova casa, cães farejadores trabalham nos destroços do que restou das áreas devastadas pelo fogo.
Em Paradise, cães treinados buscam qualquer vestígio de restos mortais. Vasculham o entulho e veículos queimados.
Segundo as autoridades, os incêndios destruíram mais de 10 mil casas e deixam 77 mortos, além de 993 desaparecidos. Para agentes que participam das buscas, alguns corpos poderão nunca ser encontrados, por causa da intensidade das chamas. Com informações da Folhapress.