© Peter Nicholls / Reuters
Um evento realizado no Parlamento britânico nesta terça-feira (20) debateu os rumos do Brasil após a vitória de Jair Bolsonaro na corrida presidencial. A reportagem esteve lá.
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A atividade, intitulada "Solidariedade com o Brasil: oposição à ameaça da extrema-direita aos direitos humanos, à igualdade e ao progresso social", foi organizada pela Iniciativa de Solidariedade com o Brasil, campanha lançada por um grupo de ativistas no Reino Unido.
"A ameaça representada por Bolsonaro não deve ser subestimada", afirmou no evento Richard Burgon, parlamentar do Partido Trabalhista britânico, ao comentar declarações do presidente eleito de que faria uma "limpeza" de seus opositores.
Burgon também criticou a prisão do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), a qual considera uma manobra para impedi-lo de concorrer nas eleições. "Da mesma forma que a política não pode interferir no poder Judiciário, a Justiça não deveria intervir no processo político", disse.
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Para Myriam Kane, da União Nacional de Estudantes do Reino Unido, a "retórica odiosa de Bolsonaro favorece a extrema-direita", estimulando ataques contra mulheres e LGBTs. Ela aponta o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco, em março, como um indício do avanço de setores radicais no país -o crime, ainda não solucionado, foi comparado ao assassinato da parlamentar britânica Jo Cox em 2016, durante a campanha do plebiscito sobre o "brexit".
A representante estudantil também disse que o programa ambiental do presidente eleito ameaça a Floresta Amazônica, "pondo o bem-estar do mundo em risco".
Além disso, a brasileira Julia Felmanas, militante do PT, criticou a nomeação de Sérgio Moro como ministro da Justiça do próximo governo. Para ela, Bolsonaro demonstra incoerência a respeito da promessa de combate à corrupção ao associar-se a políticos investigados, como Onyx Lorenzoni (DEM-RS), futuro ministro da Casa Civil.
A ascensão da extrema-direita no Reino Unido é considerada um dos efeitos do "brexit" -alguns dos políticos entusiastas do divórcio com a União Europeia, como Nigel Farage, líder do partido Ukip, são conhecidos por sua retórica ultranacionalista e xenófoba. O país registrou alta de crimes de ódio nos últimos anos. Com informações da Folhapress.