© Ibraheem Abu Mustafa / Reuters
A entidade Médicos sem Fronteiras (MSF) divulgou um levantamento que aponta uma grande quantidade de feridos em estado grave à espera de atendimento na região da Faixa de Gaza.
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Segundo a MSF, a grande maioria dos 3.117 pacientes atendidos pela organização entre março e outubro deste ano foram atingidos nas pernas por disparos de arma de fogo, o que causou fratura exposta em metade deles.
Os palestinos foram baleados durante protestos, ataques e confrontos com Israel. No início de novembro, o governo israelense bombardeou a faixa de Gaza enquanto os palestinos seguiram lançando centenas de foguetes em direção ao território israelense na maior escalada de violência desde 2014 na região.
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O conflito começou em 11 de novembro, após uma operação secreta do Exército israelense matar um líder do Hamas, que controla Gaza, e outros seis palestinos que também fariam parte da facção. Um tenente-coronel israelense também morreu na ação.
Com isso, os palestinos passaram a lançar na segunda foguetes em direção a Israel, que respondeu com bombardeios. Um cessar-fogo foi assinado dois dias depois.
"Os pacientes têm lesões complexas e graves que não cicatrizam rapidamente. Sua gravidade e a falta de tratamento adequado no sistema de saúde precário de Gaza significam que o risco de infecção é alto, especialmente para pacientes com fraturas expostas", aponta um comunicado da entidade.
"Atualmente, Gaza não tem a capacidade de diagnosticar corretamente as infecções ósseas, mas, por experiência, a MSF estima que pelo menos 25% dos pacientes com fraturas estejam infectados, com a probabilidade de o número total ser muito maior. Isso significaria que mais de mil habitantes de Gaza sofrem com essas infecções", prossegue o relatório.
A MSF estima que ao menos 60% dos pacientes atendidos necessitarão de mais cirurgias, fisioterapia e reabilitação. Parte deles precisará de operações de reconstrução.
"As consequências dessas lesões -especialmente se não forem tratadas- serão invalidez para o resto da vida para muitos, e se as infecções não forem curadas, os resultados podem ser amputação ou até mesmo a morte", alerta a entidade.
A entidade tem 260 funcionários atuando em Gaza. A MSF estima que criar uma estrutura de atendimento suficiente demanda dezenas de milhares de euros.
"Agora é preciso que as autoridades israelenses e palestinas facilitem o livre acesso e o trabalho de todos os provedores de saúde que estão tentando cuidar dessas pessoas; que outros países ofereçam financiamento e espaço em seus hospitais onde existe capacidade cirúrgica avançada e que as autoridades facilitem a transferência desses pacientes para o exterior", disse Marie-Elisabeth Ingres, chefe de missão de MSF na Palestina.