CCR diz que doou R$ 3 milhões em caixa 2 para Gleisi

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) também teria recebido R$ 1,7 milhão de forma ilegal

© Adriano Machado / Reuters

Política Gleisi Hoffmann 30/11/18 POR Folhapress

A CCR afirmou em acordo que fez com o Ministério Público de São Paulo que doou R$ 3 milhões por meio de caixa dois para a então candidata a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), atual presidente do PT, em 2010.

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No mesmo ano, o então senador Aloizio Mercadante (PT-SP) pediu R$ 3 milhões e recebeu R$ 1,7 milhão também via caixa dois, de acordo com a companhia.

O relato da doação a Gleisi foi feito pelo ex-presidente da CCR Renato do Valle em depoimento a promotores da área de Patrimônio Público e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), segundo a reportagem apurou. 

De acordo com o ex-presidente da empresa, a doação para Gleisi foi solicitada por seu marido, Paulo Bernardo, ministro do Planejamento do governo Lula à época do pedido. 

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Segundo o depoimento do ex-presidente da CCR, Bernardo enviou um intermediário para tratar da entrega do dinheiro, o que teria sido feito em parcelas, por conta do alto valor. 

Nesta quinta (29), a CCR, maior empresa do país de concessões de rodovias, metrô e aeroportos, assinou um acordo com o Ministério Público no qual disse ter doado R$ 44 milhões para o caixa dois de políticos, em valores corrigidos. 

Os nomes dos políticos citados no acordo são mantidos em sigilo, mas a Folha de S.Paulo apurou que fazem parte do grupo o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), o senador José Serra (PSDB-SP) e o ministro de Ciência e Tecnologia Gilberto Kassab (PSD), conforme o jornal revelou nesta quinta (29). 

Alckmin, Serra e Kassab refutam o relato da CCR e dizem que todos os recursos empregados em suas campanhas são legais e foram aprovados pela Justiça eleitoral. 

Há pelo menos mais dois tucanos na lista de beneficiados pelo caixa dois da CCR, ainda de acordo com a apuração da Folha de S.Paulo. A empresa citou a doação via caixa dois de R$ 1 milhão para o ministro Aloysio Nunes Ferreira (Relações Exteriores) em 2012 e R$ 340 mil para Edson Aparecido entre 2012 e 2013. Em 2012, Aparecido, atual secretário municipal de Saúde de São Paulo, era deputado federal e havia coordenado a campanha de Serra à prefeitura em 2012, vencida por Fernando Haddad (PT). Em outubro daquele ano, foi escolhido por Alckmin para chefiar a Casa Civil, a pasta mais importante do governo paulista. 

A concessionária contou no acordo que também em 2010 doou R$ 1 milhão para Marta Suplicy, quando ela era candidata ao Senado pelo PT. Eleita, trocou o partido pelo MDB em setembro de 2015. Neste ano, anunciou que estava deixando a política.

No acordo, os executivos da CCR não relatam que houve contrapartida dos políticos para a doação via caixa dois, o que poderia caracterizar o crime de corrupção. 

A CCR aceitou pagar uma multa de R$ 81,5 milhões para encerrar os processos que seriam instaurados para apurar as doações ilegais. Desse montante, R$ 60 milhões serão destinados ao governo paulista, R$ 17 milhões serão doados à Faculdade de Direito da USP, para a reforma de uma biblioteca, e R$ 4,5 milhões serão destinados a um fundo de interesses difusos. 

O promotor José Carlos Blat, que negociou o acordo, diz que não pode confirmar os nomes dos políticos porque o acordo tem caráter sigiloso para resguardar a apuração. A CCR também diz que não pode comentar o acordo por ele ser sigiloso, mas afirma que colabora com as investigações.

Aloysio Nunes Ferreira disse que "é mentira" que tenha recebido recursos de caixa dois da CCR. No ano em que a CCR mencionou a suposta doação, em 2012, ele não disputou nenhuma eleição; havia sido eleito senador dois anos antes. O ministro afirmou que "vai processar o caluniador" que relatou a suposta doação via caixa dois.

Mercadante disse em nota que "é completamente falsa a informação de que o ex-candidato ao governo de São Paulo Aloizio Mercadante tenha pedido apoio financeiro para a concessionária CCR".

Ainda segundo a nota, "Mercadante sempre foi muito crítico aos preços dos pedágios praticados nas estradas estaduais e defendeu, como candidato, uma revisão semelhante ao que os governos do PT estabeleceram nas estradas federais".

Ele disse estranhar a menção porque a seu nome "porque nunca recebeu e não autorizou ninguém a solicitar apoio financeiro de empresas concessionárias de pedágio para sua campanha". 

O ex-ministro espera ser ouvido e confia inteiramente na investigação e na justiça. A prestação de contas de sua campanha respeitou rigorosamente a legislação, foi aprovada integralmente pela Justiça Eleitoral e está disponível para consulta de qualquer cidadão há 8 anos.

Os outros citados pela CCR ainda não se manifestaram. Com informações da Folhapress.

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