© Henry Romero / Reuters
Com um discurso em que prometeu ser um divisor de águas na história do México, o esquerdista Andrés Manuel López Obrador, 65, assumiu neste sábado (1º) a Presidência prometendo um governo austero e voltado aos mais pobres.
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"Pode soar pretensioso ou exagerado, mas hoje não inicia somente um governo. Hoje começa uma mudança de regime político", disse López Obrador, no Congresso, diante de parlamentares e convidados estrangeiros.
"A partir de agora, começa uma transformação política e ordenada, mas ao mesmo tempo profunda e radical porque se acabará com a corrupção e a impunidade que impedem o renascimento do México."
Em discurso de 1h18min, o líder esquerdista voltou a prometer um crescimento anual de 4% ao ano, mas disse que não gastará mais do que arrecada e que respeitará a independência do Banco Central.
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Ele assegurou que os recursos para investimentos e programas sociais virão do combate à corrupção e de medidas como a redução dos salários do funcionalismo e até da venda do avião presidencial –prometeu usar voos comerciais.
"Não se condenará os que nascem pobres a morrer pobres", disse. "Vamos governar para todos, mas daremos preferência aos vulneráveis e aos despossuídos. Primeiro os pobres."
Entre as promessas de campanha repetidas no discurso, o novo mandatário disse que diminuirá o preço da gasolina, abrirá cem universidades públicas e criará uma ajuda financeira para 1 milhão para pessoas com deficiência.
Em mensagem aos que temem que ele se perpetue no poder, o líder esquerdista disse que não tentará mudar a Constituição para buscar a reeleição. Prometeu também convocar um referendo revogatório sobre o seu mandato daqui a dois anos e meio. No México, o mandato presidencial é de seis anos.
Eleito com 53% dos votos, a votação mais ampla da história mexicana, López Obrador conta ainda com a maioria absoluta no novo Congresso, empossado em setembro.
Em mudança de posição, prometeu a criação de uma Guarda Nacional militarizada para combater o crime organizado e a violência, medida que precisa de aprovação do Congresso. Até recentemente, defendia que o Exército não deveria ser usado para esse fim.
Em 2006, sob críticas do líder esquerdista, o presidente direitista Felipe Calderón declarou guerra ao narcotráfico e passou a empregar o Exército na segurança pública. O resultado foi o aumento no número de mortos e de violações aos direitos humanos sem que o crime organizado fosse desmantelado.
Com relação às relações internacionais, López Obrador adotou um tom amistoso ao mencionar os Estados Unidos. Agradeceu a presença do vice-presidente Mike Pence e disse que tem recebido um "tratamento respeitoso" do agora colega Donald Trump, que estava representado também pela filha Ivanka.
O mexicano fez apenas uma menção protocolar ao ditador venezuelano, Nicolás Maduro, presente na posse. Em protesto, parlamentares da oposição gritaram "ditador" e levantaram uma faixa diante do plenário onde se lia: "Maduro, você não é bem-vindo".
O governo Michel Temer (MDB) foi representado apenas pelo ministro da Justiça, Torquato Jardim, cuja presença não foi mencionada pelo mandatário mexicano.
As festividades da posse incluíram a abertura da residência presidencial Los Pinos para visitação pública. O local, usado pelos mandatários desde 1934, passará a ser um centro cultural –López Obrador continuará morando em sua casa. Com informações da Folhapress