Aceleradora de cooperativas faz 1 ano e apoia 160 no país

Criada em 2017 por Ambev e Coca-Cola Brasil, a metodologia de aceleração Reciclar pelo Brasil ganhou a participação das empresas Nestlé e Vigor

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Brasil reciclagem 03/12/18 POR MARA GAMA - Folhapress

MARA GAMA- Unir as iniciativas de cada empresa para ampliar o impacto social positivo, diminuir gastos administrativos e potencializar investimentos. A ideia é simples, o programa está mostrando resultados e ganhou novas adesões de companhias.

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Criada em 2017 por Ambev e Coca-Cola Brasil, a metodologia de aceleração Reciclar pelo Brasil ganhou a participação das empresas Nestlé e Vigor em novembro e ampliou de 110 para 160 o número de cooperativas que recebem apoio, em 17 Estados, beneficiando 3 mil catadores de recicláveis em 71 cidades.

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"Nesta nova fase, com um aporte de 25% a mais de investimento, vamos gerar 45% mais impacto positivo", diz Thais Vojvodic, gerente de Sustentabilidade da Coca-Cola Brasil.

O programa seleciona as cooperativas em editais em parceria com a Associação Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (Ancat).

As selecionadas passam por uma fase de diagnóstico dos principais problemas, são categorizadas em quatro estágios de desenvolvimento, desenham junto com técnicos contratados pelo programa um plano de ação e recebem auxílio para atingir novo patamar. Além do crescimento dos indicadores, o avanço na classificação capacita para o aporte de investimentos.

O objetivo é que finalizem o processo com documentação, licenças ambiental e de operação, estruturas administrativa, física, trabalhista e de segurança em dia para que possam comercializar os recicláveis diretamente com as empresas recicladoras.

Segundo Filipe Barolo, gerente de sustentabilidade da Ambev, 68% das cooperativas que antes do programa não tinham requisitos mínimos para atuar no mercado, como CNPJ ou conta bancária, passaram a fazer parte do nível intermediário. "A profissionalização das cooperativas e catadores contribui para a redução do impacto ambiental das nossas embalagens", diz. "A iniciativa já é a maior plataforma inclusiva do país."

"Nenhuma das cooperativas que integra o primeiro grupo estava vendendo para a indústria. Com o mapeamento, investimos na resolução dos problemas. Em 20% delas, a atuação do Reciclar foi em formalização e documentação", diz Thais, da Coca-Cola. Em 10% delas, os investimentos foram na melhoria das instalações, em 7% em equipamentos de segurança, em 7% em equipamentos em geral, em 6,7% delas para a manutenção de veículos existentes e em 5% na aquisição de novos veículos. Os demais investimentos foram variados.

"O processo não é rápido, mas tivemos aprendizados relevantes e resultados positivos. Hoje, 10% das cooperativas já estão aptas a vender para as recicladoras diretamente, que é um dos objetivos do programa: colaborar para organizar a cadeia da reciclagem", diz Thais.

"É comum ver em projetos de doação para as cooperativas os recursos se perderem, porque não é feito acompanhamento, manutenção ou o diagnóstico das necessidades não foi eficiente", afirma Thais.

As novas empresas entram com aporte financeiro -que não revelam- e também com expertise no trato com suas embalagens. No caso da Nestlé, os plásticos flexíveis do tipo polipropileno biorientado, Bopp.

"A cadeia de reciclagem destes plásticos ainda não está totalmente desenvolvida no Brasil. Há recicladores no Paraná e em São Paulo para o Bopp", diz Cristiani Vieira, gerente de sustentabilidade da Nestlé Brasil.

"Nossa entrada no programa pode contribuir para aumentar a reciclagem no país, com ampliação territorial e de materiais. E coloca a empresa de forma mais ativa na busca do compromisso de 2025, que é tornar 100% de nossas embalagens recicláveis ou reutilizáveis", afirma.

"O que a gente colocava separado, vira uma cesta. O valor que ia para a administração de cada programa individual de empresas pode ser reduzido e passar para a ponta, que é onde ele é mais necessário, nas cooperativas", diz Cristiani.

Não há números atualizados sobre a quantidade de cooperativas e nem da população de catadores e catadoras no Brasil. Roberto Laureano, presidente da Ancat, estima que hoje existam cerca de 3,5 mil agremiações entre cooperativas e grupos menos formais, com cerca de 10 mil associados.

"Achamos que o programa traz uma perspectiva interessante de engajamento para outras empresas que ainda não tenham aderido ao acordo setorial de embalagens. Nosso objetivo é que as cooperativas se capacitem para prestar serviços de coleta e triagem para prefeituras", diz Laureano. Hoje, segundo ele, a estimativa é que haja 50 cooperativas prestadoras de serviços para municípios no país.

A Ancat nasceu em 2001, como entidade técnica das cooperativas, mesmo ano em que foi fundado o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), organização política e social.

"Para crescer, as cooperativas precisam ter mais produtividade e fazer melhor a triagem dos materiais, para poder ganhar mais com o material de qualidade", diz Thais.

"Porém, só com triagem, não ganham muito. Precisam passar a coletar para prefeituras e grandes geradores. O Reciclar pelo Brasil também faz pontes. Conecta as cooperativas com empresas que podem comprar materiais e querer esses trabalhos", afirma.

A plataforma Reciclar pelo Brasil faz parte da estratégia das empresas para o cumprimento de metas da Política Nacional de Resíduos Sólidos.

"O programa está aberto para a entrada de qualquer ator que queira participar dessa nova forma de parceria", afirma Thais. "É uma nova forma de parceria que está se estabelecendo, em que as empresas abdicam de seu protagonismo em prol do programa comum", finaliza. MARA GAMA para Folhapress.

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