© REUTERS/Jonathan Ernst
Após uma reunião a portas fechadas com a diretora da CIA (agência de inteligência americana), Gina Haspel, senadores republicanos aumentaram o tom e acusaram nesta terça-feira (4) o príncipe herdeito saudita, Mohammed bin Salman, de ser cúmplice do assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi.
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Haspel foi ao Congresso após ter sido criticada na última semana por não ter participado de uma audiência a portas fechadas com os secretários de Estado, Mike Pompeo, e de Defesa, Jim Mattis, a respeito do crime.
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Khashoggi foi morto no consulado saudita em Istambul, na Turquia, em 2 de outubro, em um crime que, segundo a CIA (agência de inteligência americana), foi ordenado pelo príncipe Bin Salman para calar o jornalista, crítico do regime.
Os dois secretários disseram não haver evidências que ligassem o crime ao príncipe e instaram senadores a não enfraquecer os laços com a Arábia Saudita por causa do incidente. A posição é alinhada com a de Donald Trump, que se recusa a condenar os aliados de forma mais veemente.
O senador Lindsey Graham afirmou após o encontro com Haspel que, enquanto não havia "smoking gun" (prova do crime), havia "smoking saw", em uma referência ao cortador de ossos que teria sido usado no desmembramento de Khashoggi depois de morto.
Já Richard Shelby, presidente do comitê do Senado que administra os gastos do governo, afirmou que as evidências indicam que o príncipe é o culpado. "Essa é uma conduta que nenhum de nós nos Estados Unidos aprovaria", afirmou.
O Senado aprovou na última semana o avanço de uma resolução para dar fim ao apoio dos Estados Unidos à guerra do Iêmen, conflito patrocinado pela Arábia Saudita e aliados que se arrasta há três anos e já matou mais de 10 mil pessoas. A medida está em debate na casa legislativa.
As evidências apresentadas pela diretora da CIA, contudo, ainda não foram capazes de convencer todos os senadores a votar a favor da proposta. Shelby questionou: "como você separa o príncipe saudita da nação?"
Graham, por sua vez, disse que não votaria a favor da medida, mas que apoiaria o fim do fornecimento de armas e de assistência militar à guerra no Iêmen. Também defendeu a imposição de novas sanções contra os envolvidos no crime, inclusive o príncipe.
No mês passado, o governo americano impôs sanções a dezessete cidadãos sauditas que estariam ligados ao assassinato. Com informações da Folhapress.