© Valter Campanato/Agência Brasil 
Um dia depois de admitir que poderá apresentar uma proposta fatiada de reforma da Previdência, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, afirmou que as mudanças nas regras de aposentadoria devem ser votadas no primeiro semestre de 2019.
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"No primeiro mês é impossível, nos primeiros seis meses com toda a certeza, o Congresso começará a votar essas propostas", disse ao deixar o QG do Exército na tarde desta quarta-feira (5).
Ele repetiu que, antes de encaminhar o texto ao Legislativo, vai convidar os líderes partidários para começar a discutir a proposta.
"Não adianta apresentarmos uma boa proposta, um bom projeto, que acaba ficando na Câmara ou no Senado. Será o pior dos quadros possíveis", afirmou.
Bolsonaro repetiu que seu objetivo é iniciar as mudanças nas regras de aposentadoria pela idade mínima.
"O que mais interessa, num primeiro momento, é a idade mínima. Então vamos começar com essa, é a ideia, mas pode mudar e isso não quer dizer que houve recuo, é sinal que houve mais negociação", disse.
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Questionado sobre se pretende aproveitar o alto índice de aprovação que normalmente um presidente tem em seu primeiro ano de governo para votar a reforma no Congresso, ele afirmou não ter ascendência sobre os parlamentares.
"Você está me vendo como presidente já? Eu não sou presidente. Eu não tenho a ascendência sobre o parlamento. Nós sabemos que tem parlamentar que gostaria que, não são todos, que a forma de fazer política fosse a anterior. Nós respeitamos o parlamento, mas não pretendemos avançar nessas direções", respondeu.
Em seguida, disse que pretende aprovar o projeto ainda em seu primeiro ano de governo.
"Eu pretendo, se fosse possível votaria logo no dia primeiro de fevereiro, nos temos que respeitar logicamente o calendário, a tramitação de proposições, e gostaríamos e pretendemos aprovar porque não é uma proposta minha, é do Brasil. Se continuarmos sem fazermos reformas, daqui a pouco estaremos na mesma situação que a Grécia esteve há pouco tempo. E seria um dos piores quadros no meu entender", afirmou.
Bolsonaro não soube dizer o que será priorizado na pauta econômica de seu governo, se privatizações ou a agenda de reformas.
"Como eu entendo de matemática, a ordem dos fatores não altera o produto. O que for possível fazer nós vamos fazer primeiro", disse.
Ele não detalhou quais mudanças pretende fazer na estrutura tributária ou nas leis trabalhistas.
"É uma boa pergunta para se fazer para o Paulo Guedes, o nosso posto Ipiranga.. porque é bastante complexo [questão tributária], porque vocês mesmos já escreveram que para entender o emaranhado da legislação tem que ter PhD em economia. Agora, tem muita coisa que não teve no passado, quem mergulhou o país nesse caos econômico foram os economistas daquela época, não fui eu capitão do Exército", disse ao ser questionado sobre qual reforma tributária pretende fazer.
Sobre as leis trabalhistas, Bolsonaro repetiu o que disse na terça-feira (4), que vai mexer no que for possível e lembrou que não se pode alterar o artigo 7º da Constituição.
"É aquela velha história, nós temos direitos demais e empregos de menos. Tem que chegar em um equilíbrio. A reforma aprovada há pouco tempo já deu uma certa tranquilidade, um certo alívio ao empregador, e repito o que falei ontem, é difícil ser patrão no Brasil", disse.
O presidente eleito afirmou ter tentado, no passado, abrir um pequeno negócio, mas que desistiu devido à burocracia e aos elevados custos.
Bolsonaro repetiu que não entende de economia, mas disse confiar na equipe que escolheu para cuidar na área no governo.
"Nós queremos aquilo que possa fazer nossa economia andar. Nós queremos tudo isso ai, tudo eu passei para ele [Guedes] eu também dei carta branca ao Paulo Guedes para perseguir esse objetivo e eu sou obrigado a confiar nas pessoas porque eu sozinho não vou salvar a pátria, apesar de eu chamar messias. E acredito que essas pessoas que eu escolhi até o momento tenham condições de dar conta do recado porque a situação do Brasil está bastante complicada", afirmou.
O presidente eleito reiterou que se o país não der certo não será apenas ele que terá problemas.
"Se der errado não sou eu que vou afundar não, todos nós afundaremos juntos e não queremos que o brasil mergulhe num caos e não é só na questão econômica. A questão da segurança também. Quando você fala em economia, não existe economia sem segurança. Quase ninguém sai à noite para comer uma pizza no Rio de Janeiro. E consequência, cada vez mais estabelecimentos comerciais fecham e a economia fica prejudicada." Com informações da Folhapress.