Futura chefe do Mais Médicos protestou contra vinda de cubanos em 2013

Em 2013, Pinheiro participou de um protesto na Escola de Saúde Pública do Ceará contra o programa Mais Médicos

© Reuters

Brasil Medicina 05/12/18 POR Folhapress

Conhecida por ter posição crítica ao Mais Médicos e por ter participado de protestos contra a vinda de cubanos para atuar no Brasil, a médica pediatra Mayra Pinheiro, 52, ficará à frente da secretaria responsável por cuidar do programa na gestão do futuro ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta.

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A partir de janeiro, Pinheiro será titular da SGTES (Secretaria de Gestão de Trabalho e Educação em Saúde) do Ministério da Saúde. Neste ano, ela foi candidata ao Senado pelo PSDB do Ceará, mas não venceu as eleições.

À reportagem, ela diz que a escolha foi "técnica". "Sou uma das médicas brasileiras que nos últimos cinco anos mais insistiu que o Mais Médicos deveria ser requalificado e ser um programa chamado Mais Saúde", afirma.

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Em 2013, Pinheiro participou de um protesto na Escola de Saúde Pública do Ceará contra o programa.

"Protestei como uma médics Levamos cartazes com mensagem de Revalida já. Foi o dia da apresentação de tutores e preceptores, e eu estava de jaleco. Houve médicos que vaiaram os preceptores que na época se sujeitaram a ser tutores no programa, mas não os cubanos", diz.

Nesta quarta, o nome de Pinheiro passou a ser relacionado a fotos de um protesto organizado pelo Sindicato dos Médicos do Ceará no aeroporto de Fortaleza em 2013, quando médicos formaram um corredor e receberam cubanos sob gritos de "escravos".

Em 2015, a médica foi eleita presidente da entidade. Questionada, Pinheiro, no entanto, nega que tenha participado do ato no aeroporto ou que tenha vaiado os estrangeiros no outro protesto.

"Hoje eu estava brincando no ministério que quando eu chegar no céu São Pedro vai falar: é verdade que você vaiou os médicos cubanos? E eu falo: pergunta para Deus que ele sabe. Não adianta o quanto eu fale, sempre vão me perguntar isso", diz.

Para ela, a comparação feita por médicos à época como "escravos" não indicava racismo ou xenofobia, mas críticas à forma de contratação, diz. "Eram pessoas que não recebiam seus honorários de forma integral. Isso é trabalho escravo, trabalho sem liberdade. As pessoas eram vigiadas, não podiam sair dos hotéis, nem podiam namorar com brasileiros."

Em novembro, Cuba anunciou o fim da participação dos médicos no programa. A decisão foi atribuída a declarações do presidente eleito, Jair Bolsonaro, que tem feito críticas à qualificação dos médicos cubanos e à falta de revalidação do diploma.

Segundo Pinheiro, com a saída dos profissionais e início da nova gestão, a ideia é que o programa Mais Médicos seja "revisto" e passe por mudanças no formato, como na ordem de escolha nos municípios.

Neste caso, municípios com maior população em extrema pobreza passariam a ter prioridade em editais antes de grandes centros, informa. Em outra medida, a médica defende que a cobrança do revalidação do diploma passe a valer já a partir de novos editais em 2019. "Mesmo que sejam brasileiros formados no exterior, o fato do currículo ser diferente causa um problema", avalia.

O mesmo, diz, deve valer para os cubanos que desejam ficar no Brasil. "Cubanos que quiserem ficar aqui fazendo o Revalida vão ser auxiliares nossos. Não há porquê ter resistência nisso. Mas numa profissão especializada, você não coloca para construir sua casa engenheiro que não prova ser engenheiro." Com informações da Folhapress.

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