© André Bueno/CMSP/Divulgação
O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) negou recurso apresentado pela defesa do vereador Camilo Cristófaro (PSB) e confirmou a cassação de seu mandato nesta quinta-feira (6). Em junho deste ano, o vereador teve o mandato cassado após ser denunciado por fraude eleitoral na captação de recursos de campanha.
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O recurso foi negado por 6 votos a 0 pelo TRE-SP. O vereador poderá recorrer da decisão, mas fora do cargo de vereador. Seu suplente será chamado nos próximos dias para ocupar a vaga. Procurado pela Folha, Cristófaro respondeu "por favor, não me encha o saco".
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De acordo com o Ministério Público Eleitoral, recursos utilizados na campanha do vereador tiveram origem ilícita. Investigação feita pela Justiça eleitoral constatou que R$ 6 mil que foram repassados por uma idosa de mais de 80 anos, moradora de Jundiaí, que não teria recursos para fazer tal doação.
Ana Maria Camparini estaria desempregada, doente e na fila casa própria, e teria doado dinheiro para outros candidatos além de Camilo, como o prefeito de São Caetano do Sul, José Auricchio Júnior (PSDB), que teria recebido dela R$ 293 mil para sua campanha, segundo a procuradoria.
Recentemente, Cristófaro protagonizou rusgas públicas com o governador eleito João Doria (PSDB). Durante o período eleitoral, o vereador, do mesmo partido do governador e então concorrente de Doria Márcio França (PSB), gravou vídeos em que criticava duramente o tucano devido a vídeos que circulavam em redes sociais em que ele supostamente aparece em uma orgia. Doria sempre negou a autenticidade dos vídeos.
Em debates na TV com França, Doria referiu-se a Cristófaro ao dizer que um vereador do partido de França tentava tirar proveito eleitoral de vídeos supostamente falsos.
Em sua passagem pela Câmara, o vereador acumulou polêmicas. Em março de 2017, a então vereadora suplente Isa Penna (PSOL), eleita deputada estadual recentemente, relatou ter sido empurrada e xingada por Cristófaro.
Segundo Isa, ele a xingou de "vagabunda", "terrorista", "cocô de galinha" e insinuou ameaças dizendo que ela não deveria ficar surpresa se "tomar uns tapas na rua".
Em seguida, já fora do elevador, Cristófaro se aproximou da colega de plenário e lhe deu "um empurrão de leve", de acordo com ela. Ela diz que há imagens de uma câmera que mostram o momento. O vereador nega e diz que não ofendeu ninguém.
Três meses depois, Camilo deu um tapa em um assessor do vereador Eduardo Suplicy (PT), arremessando o celular do rapaz que filmava um protesto à porta de seu gabinete.
"É um petista que gosta de confusão, mas pegou a pessoa errada, na hora errada. Ou seja, comigo a verdade é o que vale. Ele agrediu uma moça de 28 anos, ele machucou o punho dela", disse Cristófaro na ocasião.
Em novembro de 2017, Camilo entregou R$ 3.000 a um assessor político da secretaria de Transportes da gestão Doria, que foi afastado do cargo e motivou a abertura de uma investigação pela Controladoria Geral do Município.
O dinheiro foi levado pelo até então assessor político Elizeu Lopes ao gabinete do então titular da pasta, Sérgio Avelleda, que, "ao tomar contato com a embalagem, acionou imediatamente a polícia" e determinou ainda que ninguém deixasse a sala.
A pasta afirmou à época que Avelleda avisou a Controladoria e "determinou ao assessor a devolução imediata" do dinheiro ao vereador. Cristófaro, porém, disse não ter aceitado os R$ 3.000 de volta.
Lopes, que foi afastado da função, alega ter havido um "mal-entendido". Ele diz ser filiado ao PC do B e amigo de Cristófaro há 18 anos, apesar das diferenças políticas. Afirmou não acreditar ter havido má-fé do vereador.
À reportagem o vereador afirmou que Lopes o procurou pedindo R$ 5.000 para pagamento de advogado em processo contra sua ex-mulher para obtenção da guarda dos filhos.
O dinheiro, relata o vereador, foi guardado na embalagem que abrigava um chaveiro recebido de presente de aniversário recém-completado.
Cristófaro disse ter frisado que aquela era uma doação para os filhos de Lopes.
"Repeti isso. Tenho culpa se ele é burro?", afirmou o vereador à reportagem na época.
Dono de uma coleção de 17 Fuscas, Cristófaro elegeu-se vereador de São Paulo em 2016 com o discurso contra a "indústria da multa", em oposição ao então prefeito Fernando Haddad (PT). Com vídeos publicados no Facebook em que registra -ora falando alto, ora gritando- as "pegadinhas" fiscais do trânsito paulistano, conseguiu 29,6 mil votos. Com informações da Folhapress.