© José Cruz/Agência Brasil
Em grave crise financeira e sob intervenção federal desde sábado (8), Roraima tem quarteis da Polícia Militar e dos Bombeiros bloqueados em sete dos 15 municípios do estado, por esposas de militares -em protesto pelo atraso de até três meses nos salários dos servidores estaduais.
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O primeiro batalhão foi fechado pelas mulheres no final de novembro. Desde então, instalações da Polícia Militar, assim como a sede da secretaria da Fazenda do estado, também foram bloqueadas pelas manifestantes, que impedem a saída de viaturas.
Apesar da mobilização, não houve registro de protestos da população ou aumento da criminalidade desde que os primeiros quartéis foram bloqueados. Alguns moradores fazem doações de cestas básicas e alimentos aos manifestantes.
"O nosso movimento é pacífico; a única coisa que reivindicamos são os salários de todos os servidores do estado que estão sem receber há três meses. Vários já estão passando fome", afirmou uma das líderes do movimento, Dorinha Serra da Lua, que é esposa de militar.
Segundo ela, as manifestantes só irão entregar a chave da secretaria da Fazenda para o interventor federal, o governador eleito Antonio Denarium (PSL), nomeado nesta sexta (7) pelo presidente Michel Temer.
Ele, que assume o comando do estado no lugar da atual governadora, Suely Campos (PP), afirmou que sua prioridade será pagar os salários atrasados."Só vamos abrir as portas da secretaria para o interventor do estado, porque agora temos a esperança de receber os salários", afirmou Lua.
Parentes de militares bloqueiam quartéis em Roraima em protesto contra salários atrasados Divulgação Parentes de militares bloqueiam quartéis em Roraima em protesto contra salários atrasados Em Boa Vista, as esposas dos militares estão agrupadas na praça do Centro Cívico, área central da capital, e nas entradas de outras cinco instalações da PM e dos Bombeiros.Quartéis da Polícia Militar dos municípios de Pacaraima, Rorainópolis, Caracaraí, Caroebe, Alto Alegre e São João da Baliza também estão bloqueados para a saída de viaturas.
Na madrugada de quarta-feira (5), as mulheres bloquearam a entrada do prédio da secretaria da Fazenda."Só saímos daqui quando saírem os três pagamentos, mais o décimo terceiro", disse a manifestante Dóris Alves Silva, que está acampada em frente a um batalhão da PM há 11 dias.
Em frente ao local, uma faixa pede "Pagamento já". "Sra. governadora, lhe desafio a sustentar sua família sem salário", diz o cartaz.Policiais civis também fizeram uma paralisação por 72h nesta semana.
Na capital, apenas duas delegacias (o 5º Distrito Policial e a Central de Flagrantes) estão funcionando atualmente, já que nas outras faltam equipamentos e estrutura, segundo os policiais.
Protesto de parentes de militares em Roraima em protesto contra salários atrasados Divulgação Parentes de militares bloqueiam quartéis em Roraima em protesto contra salários atrasados O presidente do Sindicato dos Policiais Civis, Leandro Almeida, diz que os servidores foram sensibilizados por moradores que passaram pelo local ao longo dos últimos dias. Segundo ele, as pessoas lamentavam a falta de atendimento, mas se mostraram solidários à causa dos servidores.
"Nessa quinta-feira, um senhor de aparência humilde trouxe um quilo de feijão e nos deu, dizendo que não era muito, mas que mesmo assim queria ajudar", afirmou. "Iremos desafogar as demandas dos últimos dias e, na segunda [dia 10], vamos redefinir o próximo passo."
Almeida diz que as expectativas com a intervenção são boas, mas que aguarda a publicação do decreto de intervenção para saber o alcance da medida.
Em nota, o governo de Roraima informou que a governadora Suely Campos está em Brasília, onde se reunirá com o presidente para tratar sobre a intervenção no estado. Ela ainda não se manifestou publicamente sobre a medida. Com informações da Folhapress.
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