© Jonathan Ernst / Reuters
Em um vislumbre do que deve ser a dinâmica da relação da administração de Donald Trump com a maioria democrata na Câmara dos Deputados que assume em janeiro, o presidente e líderes da oposição bateram boca nesta terça-feira (11) sobre o financiamento do muro que o republicano quer construir na fronteira com o México.
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O presidente ameaçou vetar o orçamento e paralisar o governo caso os democratas se recusem a aprovar o orçamento para o financiamento do muro.
Uma paralisação parcial pode acontecer já no dia 21 de dezembro. Se não houver acordo até lá, o Departamento de Segurança Doméstica e outras agências, como Justiça, Interior e Agricultura, podem ficar sem financiamento para 2019. Elas representam cerca de 25% dos gastos do governo federal.
A construção de um muro na fronteira com o México foi uma das promessas de campanha do republicano. Trump quer US$ 5 bilhões para o muro em 2019, enquanto os democratas acenam com US$ 1,3 bilhão.
"Se nós não tivermos segurança na fronteira, nós vamos paralisar o governo. Esse país precisa de segurança na fronteira", afirmou Trump no Salão Oval da Casa Branca.
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As declarações foram rebatidas pelo senador Chuck Schumer, de Nova York, líder da minoria democrata no Senado, e por Nancy Pelosi, da Califórnia, líder da minoria democrata na Câmara (papel no qual continua quando a oposição virar maioria na Casa, em janeiro).
Foi o primeiro encontro em mais de um ano entre o republicano e os dois líderes de oposição -chamados por Trump de dupla "Chuck e Nancy"- envolvendo uma negociação.
O resultado foram dedos apontados, vozes elevadas e falas interrompidas.
Pelosi pediu que as discussões ficassem longe da imprensa, ao que Trump respondeu: "Não é tão ruim, Nancy. Isso se chama transparência."
A deputada democrata sugeriu que pode haver uma "paralisação do Trump" em torno do que ela caracterizou como um muro pouco efetivo.
"A população americana reconhece que nós devemos deixar o governo funcionando, que uma paralisação não vale nada, e que nós não deveríamos ter uma paralisação do Trump", disse Nancy. "Uma o que?", rebateu o presidente.
Schumer, por sua vez, lembrou a Trump que "eleições têm consequências". "Nós achamos que você não deveria paralisar [o governo]."
"Eu tenho orgulho de paralisar o governo pela segurança na fronteira, Chuck", rebateu Trump. As discussões terminaram sem um acordo.
Após a reunião, a Casa Branca emitiu um comunicado no qual qualificou o diálogo de Trump com os líderes democratas de "construtivo". Com informações da Folhapress.