© Oswaldo Rivas/Reuters
A Redação do jornal El Confidencial, da Nicarágua, voltou a ter sua sede, em Manágua, ocupada na noite dessa sexta-feira (14), 24h após a primeira invasão, na qual policiais levaram computadores, documentos pessoais e câmeras dos profissionais.
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Desta vez, os oficiais fecharam a sede do jornal, e também dos programas televisivos Esta Noche e Esta Semana, e impediram a entrada dos jornalistas, que não puderam fechar a edição impressa do diário, que sai aos domingos, nem gravar os programas do fim de semana.
O diretor do El Confidencial, Carlos Fernando Chamorro, filho da ex-presidente Violeta Chamorro, e ferrenho opositor da ditadura de Daniel Ortega, chamou a invasão de "agressão fascista" e disse que "seguirá denunciando os ataques da ditadura de Ortega e Rosario Murillo [mulher do ditador e vice-presidente]".
Durante a manhã deste sábado (15), Chamorro falou a jornalistas e deixou-se gravar discutindo com os policiais que faziam a guarda do edifício para impedir sua entrada.
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O jornal reafirmou sua posição opositora desde o início das manifestações antigoverno, em abril passado, motivadas inicialmente por uma proposta de reforma que cortava aposentadorias. O governo reprimiu os protestos de forma violenta. Usando as forças de segurança e grupos paramilitares, como os integrantes da Juventude Sandinista, os enfrentamentos com os manifestantes causaram em seis meses mais de 350 mortos.
Confidencial é um jornal digital que possui, uma vez por semana, uma edição em papel, e seus programas são exibidos todos os dias por um canal privado.
Durante a emissão do programa na noite passada, Chamorro disse que "se os objetivos deste ataque contra a liberdade de imprensa, de expressão e de empresa era calar-nos ou intimidar-nos, nesta noite decidimos que vamos enfrentar a ditadura. As ideias não se matam. Temos um compromisso sagrado com a verdade e seguiremos informando, investigando e denunciando a corrupção e os atropelos desta ditadura."
O ataque ao Confidencial não foi único. Na madrugada de sexta-feira se reportaram invasões a sedes de movimentos sociais do país, como o Centro Nicaraguense de Direitos Humanos. Há poucas semanas, Miguel Mora, diretor do 100% Notícias, outro meio de comunicação crítico ao governo, foi preso.
Sobram hoje poucos meios independentes na Nicarágua, fora a cadeia nacional de transmissão de informações oficiais que é realizada por Murillo, diariamente, quando relata apenas dados positivos sobre a gestão Ortega. Com informações da Folhapress.