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O segundo mandato de Maurício Galiotte como presidente do Palmeiras, que começou oficialmente no último sábado (15), coloca desafios políticos importantes à frente do dirigente. Após a conquista do primeiro título de sua gestão com o Brasileiro de 2018, ele deve ver as expectativas sobre si subirem, especialmente em um contexto de oposição interna forte e de aposta no estreitamento dos laços com a patrocinadora Crefisa.
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A eleição na qual Galiotte se reelegeu para mais três anos à frente do Palmeiras, em novembro, foi uma das mais polarizadas dos últimos tempos no clube, de acordo com avaliações de conselheiros tanto da situação quanto da oposição. Por 1.843 votos de associados a 1.176, Maurício venceu no pleito seu próprio vice, Genaro Marino, rompido com ele desde os primeiros dias de sua gestão em 2017.
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Além de Genaro, a oposição palmeirense também conta com nomes como os ex-presidentes Paulo Nobre e Mustafá Contursi, influentes em diferentes grupos de conselheiros. A crítica mais comum a Galiotte é sua proximidade com Leila Pereira, conselheira do clube e presidente da Crefisa, e o protagonismo excessivo que estaria sendo dado à empresária. Ela está brigada com Nobre desde o final do mandato do ex-presidente em 2016 e também rompeu com Mustafá após ele ter se envolvido em um caso de cambismo com ingressos que recebia da Crefisa.
Os conflitos políticos não serão novidade para Galiotte. O presidente, por exemplo, precisou convocar uma votação extraordinária do Conselho Deliberativo em agosto para contornar as sucessivas rejeições dos balancetes mensais de sua gestão pelo Conselho de Orientação e Fiscalização (COF), órgão interno de maioria oposicionista. Mesmo com superávits, o COF negava as contas por conta dos aditivos assinados em janeiro com a Crefisa, que fizeram o clube contrair uma dívida superior a R$ 120 milhões com a patrocinadora.
Outro episódio que ilustrou a disputa interna foi a votação da mudança estatutária em maio que elevou de dois para três anos a duração do mandato presidencial. Aliados de Galiotte e Leila defenderam que a alteração era importante para melhorar a governança do clube, enquanto oposicionistas argumentavam que o propósito era beneficiar a dona da Crefisa, que agora já poderá concorrer à presidência do clube em 2021, quando completará cinco anos como conselheira.
A relação com a Crefisa voltou a ficar sob os holofotes após Genaro Marino apresentar a Galiotte, depois de sua reeleição, uma carta de intenções da empresa Blackstar, com sede em Hong Kong, que manifesta interesse de pagar R$ 1 bilhão à vista por um patrocínio de 10 anos. A visão da situação é de que a oferta não possui consistência e tem o objetivo de tumultuar o ambiente e enfraquecer Leila. Já a oposição defende que a proposta seja analisada a fundo, mas a tendência é mesmo que o negócio não ande e que a renovação com a Crefisa seja oficializada por três anos.
Em seu novo mandato, Galiotte terá a vantagem de se cercar de pessoas aliadas, após terminar sua primeira gestão rompido com todos os quatro vice-presidentes que compuseram sua chapa na eleição. Os vices a partir de agora são Paulo Buosi, Décio Perin, Alexandre Zanotta e José Eduardo Caliari. Com as finanças do clube em situação saudável - ele fez, inclusive, esforços para quitar a dívida de mais de R$ 140 milhões com Paulo Nobre sete anos do previsto -, o presidente se prepara para encarar mais três anos com oposição atuante no Palmeiras. Com informações da Folhapress.