© WSL / ED SLOANE
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A um ano e meio dos Jogos de Tóquio-2020, o segundo título de Gabriel Medina e o domínio dos brasileiros na elite do surfe mundial alimentam as esperanças de medalhas para o país na estreia olímpica do esporte.
Por enquanto, porém, a participação de Medina e de outros astros brasileiros e estrangeiros do surfe no evento ainda é incerta.
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"Não é uma prioridade, mas espero participar dos Jogos lá no Japão representando o Brasil", disse Medina à Folha de S.Paulo em março deste ano, antes do início da temporada da Liga Mundial de Surfe (WSL, na sigla em inglês).
Após a conquista nesta segunda (17), Medina foi mais assertivo. "A Olimpíada vai ser demais. Vai ser uma honra representar o Brasil no Japão. As Olimpíadas vão ter o mesmo peso do circuito mundial", afirmou.
Como as vagas para Tóquio começarão a ser definidas a partir da próxima temporada, a maioria dos surfistas da elite não se posicionou até o momento a respeito de uma possível participação no evento.
Serão 20 atletas na competição masculina e 20 na feminina, com limite de dois representantes de cada país em cada gênero.
Entre os homens, metade das vagas será destinada aos dez primeiros colocados do Mundial de 2019. As demais serão distribuídas nas edições de 2019 e de 2020 dos Jogos Mundiais de Surfe, além de uma nos Jogos Pan-Americanos de 2019 e outra reservada ao Japão, país-sede.
A divisão entre as mulheres será parecida, mas com oito vagas pela Liga Mundial e duas a mais pelos Jogos Mundiais.
A definição de vagas segue uma hierarquia. Caso o Brasil possua dois classificados pela WSL (se a definição fosse neste ano, Medina e Filipe Toledo teriam direito às vagas), a participação nos Jogos Mundiais não seria determinante para definir os representantes do país.
É aí que entra uma disputa política entre a Liga Mundial (WSL), organizadora da maior competição de surfe do mundo, e a Associação Internacional de Surfe (ISA), entidade reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) e responsável pelos Jogos Mundiais.
A ISA e a WSL chegaram a um acordo para a definição das regras de classificação, mas alguns pontos permanecem obscuros.
Segundo os critérios publicados pelo COI em março deste ano, para se classificar aos Jogos Olímpicos os surfistas devem ter uma boa relação com sua federação nacional e com a ISA. Não há uma definição do que seria essa boa relação.
Outra exigência é participar das edições de 2019 e 2020 dos Jogos Mundiais de Surfe, competição que não costuma estar no radar dos principais atletas do mundo. A próxima edição está marcada para setembro de 2019, no Japão.
O documento previa uma atualização sobre o tema em maio, mas ela ainda não aconteceu.
Em outros esportes em que há conflito entre entidades representativas, por exemplo o tênis, também há exigências para atletas, como um mínimo de participações na Copa Davis, competição entre países, mas elas são mais brandas.
Se o surfe superar essa disputa política, ainda haverá ao menos duas barreiras pela frente. A primeira de calendário, já que a Olimpíada estaria inserida no meio da temporada da Liga Mundial, que costuma ir de março a dezembro. A janela de competição em Tóquio vai de 25 a 29 de julho.
Também seria preciso contar com o interesse dos surfistas na participação. Se no tênis os Jogos Olímpicos atraíram os principais nomes da atualidade nas últimas edições, o mesmo não se pode dizer do golfe, que acumulou várias baixas em seu retorno ao programa após 112 anos, no Rio de Janeiro.
Saber quão atrativo o surfe será no Japão em 2020 e quais serão os brasileiros com chances de medalha ainda depende de um equilíbrio de interesses entre atletas e todas essas entidades. Com informações da Folhapress.