© REUTERS/Asmaa Waguih
O presidente americano, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira (19) que derrotou o grupo extremista Estado Islâmico na Síria, em declarações que, segundo autoridades do governo, buscam justificar seu plano de retirar os cerca de 2 mil soldados americanos que estão no país.
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Em mensagem em uma rede social, o republicano escreveu: "Nós derrotamos o ISIS [sigla em inglês para Estado Islâmico, EI] na Síria, minha única razão para estar lá durante a Presidência Trump".
Uma autoridade citada pelo jornal The Washington Post diz que a decisão de retirar os soldados foi tomada na terça-feira (18).
A medida, no entanto, enfrenta oposição no Pentágono, com autoridades afirmando que uma movimentação do tipo representaria uma traição aos aliados curdos que combateram ao lado dos EUA na Síria. Eles estariam sob ameaça de uma ofensiva militar da Turquia.
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A Turquia considera as forças curdas apoiadas pelos americanos um grupo terrorista, por causa de sua conexão com o PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão). Os sírios curdos, que controlam cerca de 30% da Síria, querem criar uma região autônoma no nordeste da Síria, semelhante a uma que existe no Iraque.
As fontes do Pentágono também avaliam que uma saída abrupta dos EUA levantaria questões sobre se os combatentes do EI conseguiriam se fortalecer novamente.
O EI já perdeu cerca de 90% das áreas que ocupava na Síria e no Iraque. Um relatório de uma autoridade do Departamento da Defesa calcula que haveria cerca de 30 mil membros do grupo na Síria e no Iraque.
Os cerca de 2 mil soldados americanos na Síria basicamente assessoram uma milícia formada por tropas árabes e curdas.
Nos últimos dias, a Turquia acusou os EUA de fracassar em combater as ameaças à segurança na região. Os dois países divergem sobre a estratégia a ser aplicada contra o grupo extremista.
O secretário de Defesa, Jim Mattis, e outras autoridades de segurança vinham tentando dissuadir Trump de uma retirada completa. Eles consideram que significaria uma mudança em política de segurança nacional que poderia levar a uma maior influência da Rússia e do Irã na Síria.
A saída também prejudicaria esforços futuros dos EUA de ganhar confiança de combatentes locais no Afeganistão, Iêmen e Somália, por exemplo.
A retirada das tropas da Síria, porém, era promessa de campanha de Trump. Em abril, o presidente relutou, mas concordou em dar ao Departamento de Defesa mais tempo para concluir a missão no país.
Uma autoridade citada pelo jornal The New York Times diz que uma possibilidade é uma retirada em etapas, embora Trump prefira a saída completa dos soldados e o mais rápido possível.
Outro oficial do Departamento de Defesa ouvido pelo Times sugere, porém, que o anúncio faria parte de uma estratégia do presidente de desviar atenção de uma série de problemas que ganharam força nos últimos dias, como a investigação sobre a interferência russa nas eleições de 2016. Com informações da Folhapress.