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No local de votação visitado pela Agência Brasil na manhã de hoje (5), mesmo com os casos relatados, as seções não formavam muitas filas. A aposentada Maria das Graças fez várias tentativas, mas não conseguiu se identificar pela biometria. “A mesária teve que liberar a urna porque com nenhum dos dedos funcionou. Fazem coisa para complicar a vida da gente e talvez com um gasto muito grande, pode ser até que tenha uma segurança, mas no meu caso não funcionou”, disse.
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A Justiça Eleitoral pede que o eleitor leve a carteira de identidade, além do título de eleitor, para garantir que a votação seja concluída caso o sistema de biometria apresente algum tipo de falha, como ocorreu com Maria das Graças. Para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), isso pode ocorrer porque as impressões digitais de uma pessoa podem sumir temporariamente por causa do uso de produtos químicos ou descamações severas na palma da mão. O ressecamento dos dedos também pode gerar dificuldade.
Segundo o TSE, a biometria confere ainda mais segurança à identificação do eleitor no momento da votação, tornando praticamente inviável qualquer tentativa de fraude. Entretanto, o fato de o Brasil ser o único a utilizar a votação eletrônica faz com que alguns eleitores ainda questionem o sistema. “Eu fico um pouco em dúvida, não sobre a biometria em si, mas sobre a inviolabilidade da urna. O governo apresenta como uma tecnologia que não é possível violar, mas por que nenhum outro país adotou ainda?”, indagou o chefe de cozinha Sérgio Quintiliano.
O programador Artur Magalhães também disse que estranha um pouco o sistema. “Outros países que têm a biometria dão um comprovante de que você votou direto no sistema, então tem um item a mais de segurança. Nós somos obrigados a votar, não tem o que fazer, mas não confio plenamente”, disse Magalhães.
Para as eleições de 2014, 21,6 milhões estão aptos a votar com identificação biométrica em 764 municípios, nas 27 unidades da Federação. Em três estados - Alagoas, Amapá e Sergipe, e no Distrito Federal - todos os eleitores serão identificados pelas digitais este ano.
A eleitora Mônica Maria Natalce, 60 anos, aprovou a biometria e conseguiu se identificar na primeira tentativa. Mesmo não sendo obrigada a votar, ela disse que faz questão de participar e confia que votou nos melhores candidatos. “Eu tinha a minha listinha e meu filho a dele. Ele é mais jovem, mais informado, então acabei usando a dele”, disse Mônica.
A biometria foi testada em 2008, quando mais de 40 mil eleitores de Colorado do Oeste (RO), Fátima do Sul (MS) e São João Batista (SC) foram identificados pelas digitais nas eleições municipais daquele ano. Em 2010 e 2012, a tecnologia foi ampliada e, em 2012, alcançou mais de 7,7 milhões de eleitores de 299 municípios de 24 estados. A expectativa da Justiça Eleitoral é que em 2018, quando ocorrerão eleições gerais, todos os brasileiros sejam identificados por meio das digitais.
Quem não fez o cadastramento biométrico não poderá votar nestas eleições e deverá buscar a regularização do título a partir de 3 de novembro.